23% das mulheres vítimas de violência domésticas nas capitais no Nordeste já recusaram alguma oportunidade de emprego porque o parceiro era contra
São Paulo – Um levantamento inédito divulgado nesta quinta-feira (23) pela ONU Mulheres mostra que a violência doméstica vai muito além de uma agressão física e tem impactos na maneira como as vítimas lidam com a própria vida.
Para chegar a essas conclusões, os autores do estudo “Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” ouviram 10 mil moradoras das capitais da região Nordeste com idade entre 15 e 49 anos. Dessas, 27% já foram vítimas de violência doméstica em algum momento da vida. Nos últimos 12 meses, 11% foram alvo de violência psicológica, enquanto 5% sofreram agressões físicas e 2% violência sexual.
Das mulheres que já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica, 23% admitiram que já recusaram ou desistiram de alguma oportunidade de emprego nos últimos 12 meses porque o parceiro se posicionou contra. Aproximadamente 17% das vítimas repassam parte ou totalidade dos seus rendimentos para os respectivos parceiros. Em tempo: controlar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade é considerado crime no Brasil.
“A violência doméstica, a despeito de ser um problema grave de negação de direitos humanos fundamentais e de saúde pública, produz impactos negativos na capacidade dessas vítimas atuarem de maneira produtiva e plena no mercado de trabalho”, diz o relatório.
A pesquisa também revela como a violência afeta o bem-estar da mulher. Quase metade delas, por exemplo, não consegue se concentrar — entre aquelas que não foram vítimas de violência, a proporção é de 34% na mesma situação. Veja os dados:
Como a violência doméstica impacta a vida das mulheres nordestinas
As cidades de Salvador (BA), Natal (RN) e Fortaleza (CE) concentram a maior proporção de mulheres que admitem serem vítimas recorrentes de violência doméstica ao longo da vida. Veja o ranking:
Prevalência de violência física ao longo da vida (%)
O que é considerado violência doméstica?
No Brasil, a principal norma de combate a violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha, abrange uma série de abusos no rol de crimes que (muitas vezes) são esquecidos. Xingar, restringir a liberdade de crença e quebrar objetos da mulher, por exemplo, são algumas agressões previstas pela lei. Veja outros atos considerados como violência doméstica:
– Controlar a liberdade de crença;
– Humilhar, xingar e diminuir a autoestima;
– Controlar suas ações e decisões;
– Destruir parcialmente ou totalmente seus objetos;
– Impedir a prevenção da gravidez;
– Reter o dinheiro da mulher contra a sua vontade.