Aceleração liderada pelos números crescentes de casos na Índia, Argentina, Turquia e Brasil pode dividir ainda mais a economia mundial entre ricos e pobres
A nova onda de covid-19 ameaça dividir ainda mais a economia mundial entre ricos e pobres, potencialmente atrasando o crescimento global se os novos surtos se espalharem ou se as principais fontes de demanda secarem.
Mais pessoas foram diagnosticadas com covid-19 na semana passada do que em qualquer outra desde o início da pandemia. A Organização Mundial da Saúde alertou esta semana que os novos casos se aceleram em todas as regiões, exceto na Europa, liderados pelos números crescentes na Índia, Argentina, Turquia e Brasil.
Essas ondas colocam em risco a até então forte recuperação econômica global, porque o fracasso em controlar o coronavírus ou distribuir vacinas uniformemente pode levar a novas variantes, primeiro em mercados emergentes e depois em países desenvolvidos que estavam conseguindo desacelerar a pandemia.
Mesmo que isso não aconteça, uma recuperação em duas velocidades pode afetar até países imunizados, porque limitaria a demanda estrangeira por seus produtos e desestabilizaria as cadeias de suprimento. O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse no mês passado que a recuperação pode perder um impulso de US$ 9 trilhões até 2025, a menos que os esforços para acabar com a crise de saúde sejam acelerados.
Economias emergentes e em desenvolvimento respondiam por cerca de 65% do crescimento global antes da pandemia e aproximadamente 86% da população mundial. O Banco Mundial disse esta semana que esses países devem se preparar para a possibilidade de desaceleração da retomada econômica. O aquecimento da atividade na Índia – a sexta maior economia do mundo – é ameaçado por novas restrições de mobilidade entre províncias para conter a nova onda que superou 200 mil casos por dia na última semana.