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Nos EUA, 7 em cada 10 apoiam leis mais duras no controle de armas

A pesquisa da rede CNN também mostrou que 60% temem que um membro da família ou eles próprios sejam vítimas de tiroteios

Uma pesquisa encomendada pela rede CNN mostrou que 70% dos cidadãos americanos apoiam um controle de armas mais estrito e 2/3 acreditam que o governo e a sociedade poderiam evitar ataques como o ocorrido na Flórida. Esse é o maior apoio ao controle de armas já registrado pela emissorra desde 1993.

Em uma pesquisa semelhante realizada em outubro logo após o tiroteio em Las Vegas, no qual morreram 58 pessoas, 52% apoiavam um controle mais rígido. Na pesquisa atual, apenas 27% se opuseram ao controle. De acordo com a CNN, o resultado “sugere que o tiroteio na escola em Parkland, na Flórida, mudou a opinião pública sobre leis de armas de maneira que outros tiroteios em massa recentes não haviam feito”.

A última vez que a rede registrou um apoio tão alto ao controle foi em dezembro de 1993, quando os Estados Unidos aprovaram o Brady Bill Act, a legislação que impôs a verificação de antecedentes aos compradores de armas.

Entre os apoiadores estão famílias que afirmaram possuir armas em casa. Praticamente todos os democratas apoiam leis mais rígidas, cerca de 93%, além da maioria da população que se diz independente de partido, 64% e grande parte dos republicanos, 49%

A pesquisa também mostrou que 60% temem que um membro da família ou eles próprios sejam vítimas de tiroteios. Os mais preocupados são os pais de adolescentes menores de 18 anos. Cerca de 62% afirmaram ter essa preocupação.

Quase dois terço dos entrevistados, 64%, também disseram que o governo e a sociedade como um todo podem tomar medidas eficientes para evitar tiroteios como o da Flórida. Este é o maior índice registrado pela CNN, contra 47% do tiroteio em Las Vegas, 46% em Orlando e 35% em Charleston.

A pesquisa foi conduzida entre os dias 20 e 23 de fevereiro, por telefone, com 1016 cidadãos maiores de idade. A margem de erro é de 3,7 pontos porcentuais.

Congresso discute controle de armas

O Congresso americano retorna hoje do seu recesso de uma semana e deve discutir os esforços para tonar mais duro o sistema de verificação de antecedentes para compradores de armas de fogo. Os legisladores esperavam discutir o orçamento do ano corrente, que ainda não foi aprovado, mas após o tiroteio da Flórida, a pressão pelo controle de armas fez o tema entrar em debate.

É provável que o Congresso aprecie uma medida dos senadores John Cornyn, republicano do Texas, e de Chris Murphy, democrata de Connecticut. O texto prevê que Estados e agências federais, incluindo as militares, enviem registros de convicção criminal ao sistema nacional de verificação de antecedentes.

Cornyn apresentou o projeto de lei depois que o sistema de verificação de antecedentes não conseguiu impedir que um homem condenado por abuso doméstico comprasse uma arma e provocasse um tiroteio em uma igreja no Texas, causando a morte de 26 pessoas.

A questão mais imediata é se o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, colocará em pauta o texto. Nesta segunda-feira, os senadores da Flórida, o republicano Marco Rubio e o democrata Bill Nelson, tentarão acelerar a aprovação do projeto.

A tentativa de abreviar a tramitação do projeto enfrenta potenciais obstáculos de pelo menos dois senadores republicanos, Mike Lee, de Utah, e Rand Paul, de Kentucky. Ambos disseram estar preocupados com a forma como os indivíduos poderão apelar caso entrem no sistema de verificação de antecedentes.

Se o projeto de lei passar no Senado, os líderes do Partido Republicano terão de decidir se eles estão dispostos a abri-lo à votação na Câmara, onde há muitos conservadores que fazem parte da agremiação.

Até agora, os líderes republicanos na Câmara mostraram pouco apetite para adotar legislação de controle de armas. Por sua vez, a maioria dos democratas apoia o projeto, embora pressionem o Congresso a tomar ainda mais medidas.

O próprio presidente Donald Trump tem mudado seu discurso após o massacre em Parkland, apoiando um controle maior de antecedentes para compradores de armas, além de sugerir o aumento da idade mínima para a compra de armas de cano longo (como o fuzil utilizado por Nikolas Cruz em Parkland) de 18 para 21 anos.

As propostas do presidente não têm agrado ao maior grupo de lobby pelo direito ao acesso às armas no país, a Associação Nacional do Rifle (NRA), que foi um grande apoiador da campanha de Trump e, na semana anterior, acusou ativistas pelo controle de armas de estarem “explorando” o tiroteio.

(Com Estadão Conteúdo)

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