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Negacionista, presidente da Tanzânia morre, e oposição suspeita que foi Covid-19

Segundo vice-presidente, porém, morte ocorreu em decorrência de problemas cardíacos; Magufuli estava ausente da vida pública havia mais de duas semanas

Presidente da Tanzânia, John Magufuli, gesticula ao chegar ao Estádio Loftus Versfeld em Pretória, para a posse do atual presidente sul-africano Cyril Ramaphosa Foto: MICHELE SPATARI / AFP/25-05-2019

NAIRÓBI — O presidente da Tanzânia, John Magufuli, um dos negacionistas mais proeminentes da pandemia de coronavírus na África, morreu nesta quarta-feira aos 61 anos, informou a vice-presidente Samia Suluhu Hassan, segundo a qual Magufuli morreu em decorrência de problemas cardíacos. Sua ausência de mais de duas semanas da vida pública, porém, levou a especulações da oposição de que ele teria contraído Covid-19.

— Caros tanzanianos, é triste anunciar que hoje, 17 de março de 2021, por volta das 18h, perdemos nosso bravo líder, o presidente John Magufuli, que morreu de doença cardíaca no Hospital Emiio Mzena em Dar es Salaam, onde estava recebendo tratamento — disse a vice-presidente à emissora estatal TBC.

Ainda segundo Hassan, Magufuli foi internado em 6 de março no Instituto Cardíaco Jakaya Kikwete e teve alta no dia seguinte. Uma semana depois, ele se sentiu mal e foi levado às pressas para o Hospital Emilio Mzena, onde estava recebendo tratamento sob supervisão de médicos do instituto cardíaco.

Na sexta-feira passada, porém, as autoridades chegaram a negar que Magufuli tivesse adoecido. Na ocasião, o primeiro-ministro Kassim Majaliwa afirmou que havia falado com o presidente, e pôs a culpa dos rumores sobre a doença de Magufuli em alguns tanzanianos “odiosos” que vivem no exterior.

Tundu Lissu, o principal rival de Magufuli nas eleições de outubro, quando o presidente ganhou um segundo mandato de cinco anos, sugeriu que o líder da Tanzânia foi levado de avião para o Quênia para tratamento de Covid-19 e depois transferido para a Índia em coma.

Um ex-professor de química, Magufuli frustrou a Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a pandemia, minimizando a ameaça do coronavírus, dizendo que Deus e remédios como inalação de vapor protegiam os tanzanianos. Ele também zombou de testes de Covid, denunciou as vacinas como parte de uma conspiração ocidental para tirar a riqueza da África e se opôs ao uso de máscaras e ao distanciamento social.

Magufuli foi o primeiro presidente da Tanzânia a morrer durante o mandato. Segundo Hassan, os preparativos para o enterro estão em andamento e os próximos 14 dias serão de luto, com hasteamento de bandeiras a meio mastro.

De acordo com a Constituição da Tanzânia, a vice-presidente deverá assumir a Presidência pelo restante do mandato de cinco anos que Magufuli começou a exercer no ano passado. Ela será a primeira mulher presidente da Tanzânia. Nascida no arquipélago semiautônomo de Zanzibar, estudou economia no Reino Unido, trabalhou para o Programa Mundial de Alimentos da ONU e depois ocupou vários cargos no governo antes de se tornar a primeira mulher vice-presidente do país em 2015.

A Tanzânia parou de informar seus dados de coronavírus em maio do ano passado, quando relatou 509 casos e 21 mortes, de acordo com a OMS, que pediu ao governo que seja mais transparente.

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