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Neandertais construíram estruturas em caverna há 176.000 anos

Evidências sugerem que os ancestrais construíram estruturas complexas e se aventuraram no subterrâneo das cavernas muito antes do que se pensava

Paredes de estalagmites, de 176.000 anos atrás, são descobertas em uma caverna, no sudoeste da França (Nature.com/Reprodução)
Paredes de estalagmites, de 176.000 anos atrás, são descobertas em uma caverna, no sudoeste da França (Nature.com/Reprodução)

Cientistas descobriram que os neandertais exploravam cavernas há milhares de anos atrás, tendo construído uma das estruturas mais antigas do mundo: uma espécie de mureta semicircular feita há 176.000 anos com pedaços de estalagmites – formações minerais que se desenvolvem no piso de uma caverna, na forma de uma coluna ou cone. De acordo com o estudo, publicado na última quarta-feira na revista científica Nature, o achado demonstra que os neandertais podiam construir estruturas complexas e se aventuraram no subterrâneo das cavernas muito antes do que se pensava.

Segundo a pesquisa, os neandertais arrancaram fragmentos de 400 estalagmites do chão da caverna e os empilharam, formando estruturas circulares. Esses arranjos foram encontrado na caverna de Bruniquel, no sudoeste da França, a mais de 300 metros da entrada. Os cientistas acreditam que os neandertais usavam as estruturas para rituais ou como refúgio. Foram encontradas seis, uma delas com quase sete metros de extensão.

Caverna misteriosa – Espeleólogos (pesquisadores de cavernas e grutas) descobriram a caverna de Bruniquel, no sudoeste da França, no início dos anos 1990. Em 1999, com a morte do líder das pesquisas, as análises pararam. Recentemente, Sophie Verheyden, paleontóloga do Royal Belgian Institute of Natural Sciences, em Bruxelas, reuniu uma equipe internacional de arqueólogos e geólogos para retomar a pesquisa.

A nova investida revelou que a exploração de cavernas acontecia dezenas de milhares de anos antes do que se acreditava. Os cientistas propõe tratar-se das construções humanas mais antigas conhecidas. “É óbvio que essa estrutura não é algo natural”, diz o geólogo Dominique Genty, do Instituto Pierre-Simon Laplace em Gif-sur-Yvette, um dos autores da pesquisa. Os especialistas afirmam que animais não seriam capazes de ordenar as estalagmites da forma foram encontradas.

Inteligentes – A descoberta comprova que os neandertais sabiam trabalhar em grupo e atingiram desenvolvimento cognitivo comparável ao do Homo sapiens, afirmam os pesquisadors. “Os neandertais eram inventivos, criativos, sutis e complexos”, disse Jacques Jaubert, da Universidade de Bordeaux, coautor do estudo. “Não eram seres brutos ocupados apenas em matar bisões para comer.”

Entre os fragmentos de estalagmites, os pesquisadores descobriram vestígios de fogueiras e pedaços de ossos queimados. “Os primeiros neandertais eram a única população vivendo na Europa durante este período”, escreveram os pesquisadores, e os “primeiros espeleólogos do mundo”.

“O que mais nos surpreende é a capacidade do homem de neandertal de explorar cavernas muito profundas, longe da luz natural”, disse Jaubert. “Acreditamos que estamos oferecendo provas da capacidade dos neandertais de entrar em um ambiente hostil, usando fogo para iluminar o caminho, para fazer coisas que vão além da mera sobrevivência”, completa.

Estima-se que os neandertais tenham vivido em partes da Europa, da Ásia Central e do Oriente Médio de 300.000 anos a 40.000 anos atrás. Vários estudos recentes descobriram que eles eram muito mais sofisticados do que sugeria a teoria que prevaleceu por muito tempo, segundo a qual desapareceram porque eram menos inteligentes que o Homo sapiens – que, de acordo com pesquisas, surgiu na África há cerca de 200.000 anos e, ao chegar à Europa, conviveu com neandertais desde 100 mil anos atrás. Os neandertais caçavam, cozinhavam pombos selvagens, comiam legumes, cuidavam dos idosos, enterravam seus mortos e podem ter sido os primeiros joalheiros.

(Com AFP)

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