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Navalny comemora poder respirar sem aparelhos e prevê retorno à Rússia

Uma foto do opositor russo sem os aparelhos respiratórios foi postada no Instagram nesta terça-feira (15/9)

O líder da oposição russa Alexei Navalny posa para uma foto de selfie com sua família no hospital Charite de Berlim. – (crédito: Handout / Instagram account @navalny / AFP)

O líder da oposição russa Alexei Navalny afirmou nesta terça-feira (15/9) que consegue respirar sem a ajuda de aparelhos, em suas primeiras declarações após ter sido envenenado em agosto na Sibéria, enquanto sua porta-voz apontou que ele retornará para a Rússia quando estiver recuperado.

“Olá, este é Navalny”, afirmou o opositor em um post no Instagram, no qual aparece com a esposa, sentado em sua cama no hospital de Berlim onde está internado.

Ontem eu consegui respirar sozinho o dia todo”, completou em sua primeira publicação na rede social após o envenenamento com uma substância neurotóxica, de acordo com os médicos alemães.

“Gostei muito, é um procedimento surpreendente, subestimado por muitos. Eu recomendo”, brincou, antes de afirmar que sente falta dos seguidores, uma semana depois de ter saído do coma induzido.

O principal opositor do Kremlin poderá, em breve, abandonar por completo a “respiração artificial”, anunciou o hospital Charité de Berlim.

Segundo a equipe de Navalny, de 44 anos, ele foi vítima de um envenenamento em 20 de agosto passado, na Sibéria.

Um laboratório alemão concluiu em 3 de setembro que Navalny foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novichok, concebido com fins militares na época soviética. Moscou nega que o opositor tenha sido envenenado.

Laboratórios da França e da Suécia confirmaram, na segunda-feira, as conclusões da Alemanha.

Retorno à Rússia

Questionada pela AFP sobre o retorno do opositor à Rússia uma vez recuperado, sua porta-voz respondeu que “nunca houve qualquer dúvida” a este respeito.

“Eu entendo por que fazem essa pergunta, mas acho estranho pensar” que ele pode se exilar, comentou no Twitter.

Vários opositores, ou críticos do Kremlin, foram envenenados nos últimos anos, e outros, assassinados por outros meios. Em todas as ocorrências, a Rússia rejeitou as acusações contra ela.

O Novichok já havia sido usado contra o ex-agente duplo russo Serguei Skripal e sua filha Yulia, em 2018, na Inglaterra. Para Londres, o GRU, a Inteligência militar russa, é o principal suspeito.

Segundo seus partidários, Navalny foi envenenado ao final de uma viagem de campanha eleitoral para as eleições locais de 13 de setembro.

Excluído do cenário político e midiático nacional, o opositor conta com um grande público nas redes sociais, em particular graças às suas investigações dirigidas à comitiva de Vladimir Putin.

“Nada de Novichok” na Rússia

Moscou se recusa a abrir uma investigação sobre o caso, porque os médicos russos afirmaram não ter identificado qualquer substância tóxica no corpo de Navalny quando ele foi hospitalizado na Sibéria.

A Rússia questiona a confiabilidade das análises alemãs, vendo-as como um pretexto para a União Europeia ameaçá-la com novas sanções. Também afirma não ter estoques de Novichok.

Esses estoques “foram destruídos de acordo com o protocolo e os regulamentos da Organização para a Proibição de Armas Químicas” (OPAQ), disse o chefe da Inteligência externa, Serguei Naryshkin, segundo agências de notícias russas.

Ele disse ter “muitas perguntas para a parte alemã”, porque, “quando Alexei Navalny deixou o território russo, não havia qualquer substância tóxica no seu corpo”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também expressou sua “incompreensão”, porque Moscou não recebeu os dados sobre a saúde do opositor solicitados a Berlim.

O Ministério Público alemão explicou que esses documentos poderiam ser transmitidos somente com o consentimento de Alexei Navalny.

Sobre o estado de saúde do paciente, Peskov, que nunca mencionou o nome do adversário, disse, segundo agências russas, que “todos” ficariam “felizes”, se ele se recuperasse.

A primeira mensagem de Navalny chega um dia depois de uma vitória eleitoral simbólica em Tomsk, onde dois de seus apoiadores entraram na Câmara Municipal, pela primeira vez. Outros foram eleitos na terceira cidade do país, Novosibirsk, também na Sibéria.

 

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