A apresentação será no Espaço Cultural Clube do Choro
Os músicos brasilienses da nova geração têm alguns traços em comum: estudaram na Escola de Música (EMB) ou na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello; costumam participar de rodas de choro e de samba; e se dedicam a aprofundadas pesquisas, para aumentar o conhecimento sobre compositores por quem têm admiração.
Multi-instrumentista e compositor, Nícolas Madalena é um deles. Ligado à música desde a infância, aos 12 anos recebeu aulas de flauta doce e de flauta transversal de Thaminse Silva. Dois anos depois, matriculou-se no curso de violoncelo na EMB, tendo como professores Lucimary do Valle — inicialmente — e Rodolpho Borges, a quem atribui a responsabilidade por sua formação.
A carreira profissional de Nícolas teve início ainda na adolescência. “Aos 17 anos, passei a tocar violoncelo e outros instrumentos em casamentos, festas particulares e outros tipos de eventos. Desde então, já participava de rodas de choro num bar que existia na Asa Norte”, lembra. “O choro sempre foi uma das minhas paixões”, acrescenta.
Em 2015, numa pesquisa no YouTube, descobriu Violão brasileiro, cultuado disco do violonista Canhoto da Paraíba. “Me chamou a atenção o fato desse genial violonista autodidata tocar o instrumento ao contrário, sem inverter as cordas. Em vez de usar o polegar nas cordas graves, o utilizava para solar, tocando as cordas agudas. Com isso criava uma sonoridade diferenciada, explica.
Por seis meses, Nícolas se deteve na pesquisa da obra de Canhoto. O ponto de partida, obviamente, foi Violão brasileiro, mas ele cita outros discos que mereceram sua atenção: Único amor, Fantasia nordestina, Pisando em brasa e Um violão direito na mão canhota. “Busquei conhecer também gravações póstumas de composições do mestre, como as feitas por Fernando Caneca para o CD Visitando Canhoto da Paraíba”, diz.
Uma outra fonte de pesquisa do jovem violoncelista brasiliense foi uma coletânea lançada pela Funarte, que contempla o encontro de Canhoto da Paraíba com Paulinho da Viola, no Projeto Pixinguinha de 1979. “Paulinho, produtor de Violão brasileiro, foi quem apresentou Canhoto ao Brasil. Até então, a música do mestre estava restrita ao Nordeste”, conta.
Fruto
O resultado da pesquisa desenvolvida por Nícolas desaguou no Tua imagem, álbum que lança hoje, às 21h, com show no Espaço Cultural do Choro. “O disco, gravado entre fevereiro de 2016 e novembro de 2017 traz 12 faixas. O repertório reúne temas inéditos, como Bossa sempre e Trovador; músicas que ainda não foram regravadas, como Choro de sacristão, Gostosinho e Sorriso de Fátima, além de Lembrança que ficou, a única que já teve regravação”, ressalta. Incluí, também, uma composição de minha autoria, feita em homenagem a Canhoto, intitulada Violão sorriso, apelido que ele recebeu de Luiz Gonzaga”, complementa.
No show, Nícolas tocará várias músicas do CD e composições de Garoto, K-Ximbinho e Esmeraldino Salles. Ele será acompanhado por Isabella Pina (pandeiro e percussão), Matheus Fortes (violão 6 e 7 cordas), Matheus Donato (cavaquinho), e tem como convidados Léo Torres (baixo elétrico), Lucas Bichara (gaita cromática) e Jorge Heine (acordeon).
Nícolas Madalena
Show do multi-instrumentista e banda hoje, às 21h, no Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental). Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.