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Ministério do Esporte publica nota de repúdio aos ataques racistas durante partida de futsal em escola no DF

Insultos racistas foram ditos para estudantes durante partida de futsal em colégio particular do DF. — Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Reprodução/TV Globo

O Ministério do Esporte publicou, neste sábado (13), uma nota de repúdio aos atos de racismo que ocorreram durante uma partida de futsal em uma escola particular do Distrito Federal e afirmou que os insultos racistas são “profundamente pertubadores e contrários aos valores de igualdade” (veja nota na íntegra abaixo).

No dia 3 de abril, alunos do colégio Galois teriam usado palavras como “macaco”, “pobrinho” e “filho de empregada” para discriminar os estudantes da Escola Franciscana (veja mais abaixo).

“Relatos de insultos racistas direcionados a jovens atletas, com a utilização de termos discriminatórios, são profundamente perturbadores e contrários aos valores de igualdade, respeito e diversidade que defendemos. Diante de tais atos, manifestamos nosso veemente repúdio”, aponta a nota.
A pasta afirma que é inaceitável que episódios de discriminação racial ainda existam na sociedade especialmente em um ambiente escolar.

“O esporte educacional, além de formar atletas, deve formar cidadãos. É também uma ferramenta poderosa para transmitir valores como respeito, solidariedade, trabalho em equipe e jogo limpo. Para construirmos uma sociedade saudável, é crucial que o esporte e a escola sejam espaços onde todos se sintam bem-vindos e valorizados. Além disso, é fundamental que atletas, torcedores, árbitros, dirigentes, educadores e todos os envolvidos no universo esportivo atuem de forma ética e responsável”, afirma, em nota, o ministério.

O ministério destaca ainda que, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, vai lançar o Plano Nacional Esporte sem Racismo. A pasta se solidariza com os estudantes e suas famílias.

“Reforçamos nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as formas de discriminação do esporte e da sociedade. Não pouparemos esforços nessa luta”, diz o Ministério do Esporte.

Lucas Gonçalves, de 16 anos, mora na Candangolândia e pega ônibus todos os dias, às 5h30 para chegar na Escola Fátima. Esse é o primeiro ano do estudante em uma escola particular.

Ele conseguiu uma bolsa, entre outros motivois, por ser um talento no futsal, e foi uma das v;itimas do racismo durante o campeonato.

“Eles falaram: ‘Pega o preto na ala’, de forma pejorativa. Pega o macaco. Falaram do cabelo dos nossos atletas também. Falaram diversas coisas desse tipo. Senti muita raiva e muita tristeza, porque a gente vai lá para jogar o futsal, para competir, e em nenhum momento faltou respeito com eles, e eles foram desse jeito”, conta Lucas.

De acordo com o estudante, esse tipo de ofensa acontece há muito tempo com a Escola Fátima, “pelo fato de ser uma escola que acolhe muitos atletas”. “E já nos preparam para isso, mas eu não imaginava que fosse dessa forma”, conta o aluno.

O capitão da equipe, Diego Riquelme, de 15 anos, morador de Ceilândia, diz que o time todo ficou abalado.

“Tinha vários xingamentos mais pesados, e xingaram a nossa mãe, dizendo que era empregada, que tinha que lavar louça, lavar roupa e cantavam música relacionada a isso. Tem que sofrer punição, com certeza. Isso não é legal com ninguém (..) Você chegar em casa depois de um jogo e a sua mãe perguntar: ‘ah, filho, como foi o jogo?’ E você contar para ela o que aconteceu, sabe? É muito triste, é uma tristeza imensa”, diz Diego.

Escola denuncia atos de racismo

O Colégio Galois, em nota, diz que iniciou a investigação interna rigorosa. — Foto: Reprodução/TV Globo

O Colégio Galois, em nota, diz que iniciou a investigação interna rigorosa. — Foto: Reprodução/TV Globo

A Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, da Asa Sul, em Brasília, denunciou estudantes do Colégio Galois por racismo durante o jogo de futebol da “Liga das Escolas”. Na quarta-feira (10), a diretora-geral da escola, Inês Alves Lourenço, publicou uma carta de repúdio. No texto ela diz que os alunos foram vítimas de preconceito social e injúria racial.

“Os alunos do Colégio Galois proferiram diversas palavras ofensivas (…) tais como ‘macaco’, ‘filho de empregada’, ‘pobrinho’, tornando ambiente inóspito e deixando nossos alunos abalados”, diz a diretora na carta.

 

O Colégio Galois diz que iniciou a investigação interna rigorosa.

“Estamos comprometidos em não apenas a identificar os envolvidos, mas também a aplicar medidas disciplinares e ampliar, ainda mais, ações educativas necessárias pertinentes”, diz o Galois.

A escola disse ainda que “se solidariza com os alunos e a comunidade da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima que se sentiram ofendidos e magoados”.

Na carta de repúdio, a Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima diz que no momento das ofensas, vários responsáveis estavam no local e que “nenhuma providência efetiva e adequada foi adotada pelos prepostos do Colégio Galois que estavam presentes nas instalações do ginásio”.

O que diz o Ministério do Esporte

“Foi com indignação e tristeza que o Ministério do Esporte tomou conhecimento de atos de racismo ocorridos durante partida de futsal em uma escola do Distrito Federal. Relatos de insultos racistas direcionados a jovens atletas, com a utilização de termos discriminatórios, são profundamente perturbadores e contrários aos valores de igualdade, respeito e diversidade que defendemos.

Diante de tais atos, manifestamos nosso veemente repúdio. É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade, especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e pessoal como o esporte escolar.

O esporte educacional, além de formar atletas, deve formar cidadãos. É também uma ferramenta poderosa para transmitir valores como respeito, solidariedade, trabalho em equipe e jogo limpo. Para construirmos uma sociedade saudável, é crucial que o esporte e a escola sejam espaços onde todos se sintam bem-vindos e valorizados. Além disso, é fundamental que atletas, torcedores, árbitros, dirigentes, educadores e todos os envolvidos no universo esportivo atuem de forma ética e responsável.

O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial são prioridades do Ministério do Esporte. Estamos em constante diálogo com organizações nacionais e internacionais para firmar parcerias que promovam ações educativas, preventivas e de repressão contra o racismo no esporte.

Em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, instituímos um Grupo de Trabalho Técnico de Combate ao Racismo e este ano vamos lançar o Plano Nacional Esporte sem Racismo.

Neste momento, expressamos nossa solidariedade aos estudantes e suas famílias, afetados por este lamentável episódio. Reforçamos nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as formas de discriminação do esporte e da sociedade. Não pouparemos esforços nessa luta.”

O que diz o colégio Galois

“Em nome do Colégio Galois, foi com extrema preocupação que tomamos conhecimento dos fatos expressos na carta de repúdio, datada de 10 de abril de 2024, referente ao incidente ocorrido durante o torneio “Liga das Escolas”. Entendemos que os atos ali expostos são de extrema seriedade e que necessitam de uma intervenção imediata por parte do colégio.

Primeiramente, queremos reafirmar que os valores que nos guiam refutam veementemente qualquer forma de comportamento preconceituoso. Nossos pilares se baseiam no respeito à diversidade e na promoção da inclusão. Tanto que desenvolvemos inúmeros projetos neste sentido dentro da nossa comunidade abrangendo funcionários, pais e alunos como, por exemplo, Encontro da Família “Mestre dos Mestres”, trabalho voluntário no Lar dos Idosos e Vila do Pequenino Jesus e, mais recentemente, o Escola Sem Bullying. Tendo em vista o ocorrido, vamos reforçar ainda mais os protocolos de prevenção e capacitação envolvendo todos os parceiros e famílias Galois.

Sendo assim, faço saber que não estamos, de forma alguma, inertes ao ocorrido. Muito pelo contrário. Já iniciamos uma investigação interna rigorosa e estamos comprometidos em não apenas a identificar os envolvidos, mas também a aplicar medidas disciplinares e ampliar, ainda mais, ações educativas necessárias pertinentes. Mais uma vez, reiteramos que supostos comportamentos não representam nossos valores e que repudiamos veementemente qualquer forma de discriminação. Mas, como educadores, acreditamos que a educação é ferramenta poderosa de transformação social e deve ser utilizada para construir pontes de entendimento e respeito mútuo entre todos, sobretudo, entre jovens.

Solidarizamo-nos profundamente com os alunos e a comunidade da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima que se sentiram ofendidos e magoados. Entendemos que o ocorrido não só afetou esses alunos, mas também manchou o espírito de amizade e respeito que deve prevalecer em eventos educacionais e esportivos. Por isso, não somos, de forma alguma ser coniventes a qualquer tipo de ato discriminatório.

Desta maneira, nos colocamos à disposição, não apenas a colaborar com os supostamente envolvidos, mas também, com a Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima e, se necessário, com eventuais autoridades, para desenvolver iniciativas conjuntas que possam beneficiar ambas as comunidades escolares, garantindo que eventos futuros sejam realizados em um ambiente de compreensão e respeito mútuo.

De nossa parte, estamos sempre abertos a dialogar e nos reunir com a direção das escolas participantes da liga a fim de discutir essas questões mais a fundo e estabelecer um plano conjunto de ações efetivamente preventivas e educativas. Acreditamos que, juntos, podemos construir um ambiente mais empático e inclusivo para todos”.

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