Já nas instituições federais de ensino a pauta dos estudantes é outra: reivindicam melhorias na infraestrutura e aumento das vagas para o ensino médio e técnico. O câmpus São Paulo do IFSP, no Canindé, zona norte, é uma das unidades com refeitório. Os alunos podem almoçar e jantar no local, a um custo de R$ 3,50 por refeição. O valor original do prato (R$ 8,50) é subsidiado pelo governo e o restaurante é administrado por uma empresa terceirizada.
Auxílio
Quem não pode pagar o valor das refeições tem a opção de pedir auxílio-alimentação, que chega a R$ 10 por dia, dependendo da renda familiar do aluno. Dos 6 mil estudantes no câmpus (2 mil no ensino médio técnico), só 1.200 têm acesso ao benefício. Todos os alunos recebem os kits com os lanches. “Nossa prioridade é reformar a escola, que tem muitas goteiras e falta espaço”, contou o estudante Nicolas Caous, de 17 anos, que está no 2º ano do ensino médio. Outra reivindicação é a abertura de mais vagas no ensino médio. “Aqui a maioria das vagas é de ensino superior. O câmpus precisa ser expandido.”
De acordo com o diretor da unidade, Luís Cláudio de Matos, a reclamação mais comum é de falta de espaço. “Poderíamos atender muito mais gente”, admitiu.
Ali, a comida não entra nas reivindicações estudantis. “Estamos discutindo fazer greve por causa da falta de verba”, afirmou Nicolas. Mas há solidariedade com outros grupos. Integrante do grêmio estudantil Charlie Chaplin, ele admite que os estudantes do colégio ajudaram na ocupação do prédio administrativo do Centro Paula Souza, que administra as Etecs e só foi liberado após reintegração de posse cumprida pela Polícia Militar.
Sem suco
Na unidade de Guarulhos não há restaurante, e os estudantes contam apenas com a merenda seca. O estudante Bruno Fernandes, de 17 anos, aluno de Automação, reclama que desde o ano passado houve piora no “kit lanche” recebido. “Ano passado, davam suco e achocolatado, mas eles tiraram”, reclamou. “Agora, tenho de comer em casa antes de vir para a aula”, disse o estudante do período da tarde.
“Eles dão um pão e biscoito, mas nenhuma refeição. Tenho de almoçar em casa”, emendou o aluno de Informática Guilherme Santana, de 15 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio. “O lanche é bom, mas já foi melhor. Estão tirando coisas”, disse Gabriela Izidoro, de 18 anos, do técnico em Automação. “Acho os protestos (por merenda nas escolas técnicas) válidos. Quem não tem precisa reivindicar. E quem tem precisa melhorar.”
À reportagem, o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) informou, em nota, que são distribuídos 17 mil lanches por dia aos estudantes de ensino técnico. A opção foi feita por não exigir preparo e manipulação. Disse ainda que cada um dos câmpus discute a implementação de alimentação estudantil, mas não informou o prazo para isso ser feito. “Mais de dez câmpus já oferecem refeição/almoço aos estudantes em período integral.”
“Outros seguem nessa direção, estabelecendo acordos com as prefeituras, projetos de contratação de empresas para fornecimento de alimentação, parceria com as cantinas locais, dentre outras soluções, até que se concluam as obras, muitas delas já iniciadas, de construção de restaurantes estudantis em todos os câmpus, assim como se finalize o concurso para contratação de nutricionistas, que encaminharão as ações de alimentação estudantil no IFSP”, continua a nota oficial.
Seis câmpus estão com restaurantes em fase de construção: Barretos Rural, Birigui, Catanduva, Hortolândia, Registro e Suzano. Cada conjunto terá 1.074,49 m², além de pavimentação e urbanização do entorno. “O investimento total está previsto em R$ 20 milhões e os restaurantes devem ser entregues até o fim deste ano”, afirmou o instituto.
Em relação à falta de bebidas, o IFSP diz que “tem havido desfalque por parte da empresa contratada que, uma vez notificada, requereu reequilíbrio econômico-financeiro do contrato”. “O caso está sendo analisado pela Procuradoria Regional Federal (PRF), o que é de conhecimento da comunidade estudantil.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadao Conteudo