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Lua de Saturno pode abrigar oceano – e, talvez, vida

Dione é a terceira lua de Saturno com indícios de ter oceano sob a superfície. Interações entre água e rochas oferecem boas condições ao surgimento de vida.

Imagem da lua gelada Dione, orbitando Saturno. (JPL-Caltech/Space Science Institute/Nasa)
Imagem da lua gelada Dione, orbitando Saturno. (JPL-Caltech/Space Science Institute/Nasa)

Um imenso oceano pode estar escondido sob a superfície de Dione, uma das luas de Saturno. Segundo estudo publicado na última semana no periódico científico Geophysical Research Letters, com análise dos dados da missão Cassini, o oceano está cerca de 100 quilômetros abaixo da crosta de gelo de Dione, condição semelhante à que provavelmente originou a vida na Terra. Acredita-se que as primeiras reações que deram origem aos seres vivos em nosso planeta tenham acontecido nas regiões mais profundas dos oceanos, há cerca de 4 bilhões de anos.

Dione é a terceira das mais de 60 luas de Saturno que exibe indícios de abrigar um oceano submerso, como Titã e Enceladus. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão por meio de um novo modelo matemático que analisou dados gravitacionais trazidos por Cassini. De acordo com as informações, a crosta de gelo que cobre Dione flutua sobre um oceano líquido de cerca de 60 quilômetros de profundidade que, por sua vez, está em volta de um núcleo rochoso. Segundo os pesquisadores, o oceano de Dione provavelmente surgiu durante o período de formação da lua. Por ser permanente, portanto, ele oferece um local propício ao surgimento de vida microbiana.

“O contato entre o oceano e o núcleo rochoso é crucial. As interações entre rochas e água fornecem nutrientes-chave e fonte de energia, ingredientes essenciais para a vida”, afirmou o cientista Attilio Rivodini, do Observatório Real da Bélgica, um dos autores do estudo, em comunicado.

A situação de Dione é bastante semelhante a de Enceladus, que dispara jatos d’água no polo sul, colhidos por Cassini. De acordo com os cientistas, Dione, aparentemente, é mais calma, e seu oceano, mais profundo. Com a descoberta, o grupo dos “mundos oceânicos” – aqueles recobertos por água na superfície ou com grandes volumes líquidos submersos – ganha mais um membro. Segundo os pesquisadores, o modelo matemático usado nesta análise pode servir para o estudo de outros desses “mundos”, como as luas de Júpiter e, possivelmente, de Saturno e Plutão, como indicam dados trazidos pela sonda New Horizons.

Sinais de vida

Quando a missão Cassini foi lançada, em 1997,  para buscar informações sobre Saturno, seus anéis e campo magnético, a busca de sinais de vida fora da Terra ainda não fazia parte da agenda científica. A sonda, que orbita Saturno desde 2004, não foi equipada para capturar micróbios ou detectar vida. Durante suas passagens por Enceladus, ela encontrou diversas moléculas associadas à vida: vapor d’água, dióxido de carbono, metano, nitrogênio, propano, acetileno, formaldeído e traços de amônia, o que deixou os cientistas bastante animados com a possibilidade de encontrar algum tipo de ser vivo nas luas do planeta.

Como a água é um dos ingredientes primordiais à vida na Terra, pois todas as reações químicas vitais dependem dessa substância, os cientistas acreditam que, se houver vida fora da Terra, ela poderá ser detectada em algum desses oceanos extraterrestres. Os oceanos sob a superfície congelada de Enceladus e de Europa, luas de Júpiter, são as regiões mais promissoras do espaço para essa busca. Junto a elas estão Marte, que já demonstrou ter água líquida em sua superfície, e Titã, a maior lua de Saturno, que apresenta lagos de metano e uma atmosfera grossa o bastante para proteger formas de vida.

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