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Lojistas da Galeria dos Estados temem interdição geral e fim dos negócios

Representantes dos lojistas e integrantes da Secretaria das Cidades se reunirão nesta quinta para definir o futuro dos pequenos empresários do local

(foto: Antonio Cunha/CB/D.A Press)

O desabamento do viaduto no Eixão Sul interditou parte da Galeria dos Estados. Com a passagem de pedestres improvisada para fora dos corredores, lojistas do centro comercial temem mais prejuízo. Os comerciantes enfrentam a queda nas vendas desde 2014, quando importantes órgãos públicos se mudaram do Setor Bancário Sul, como o Banco do Brasil. Com o trânsito de pessoas interrompido e dois restaurantes destruídos com o acidente de terça-feira, ficou mais difícil para os ocupantes das lojas do espaço, inaugurado na segunda metade dos anos 1970. Está marcada para hoje uma reunião entre representantes dos lojistas com integrantes da Secretaria das Cidades, para definir o futuro dos pequenos empresários.
Por estar no local há mais de uma década, a maioria dos lojistas da Galeria dos Estados garante o sustento graças aos clientes fidelizados. Outra parte das vendas vem das pessoas que transitam pelo espaço. Por ser uma passagem subterrânea que liga o Setor Comercial Sul ao Bancário Sul, a galeria conta com a circulação dos usuários de metrô (há a Estação Galeria), que passam no centro comercial, e de funcionários que trabalham próximo ao endereço e se deslocam entre os corredores. Por causa da decadência, 19 dos 80 boxes estão fechados.
Dono de um salão de beleza a poucos metros de onde o viaduto cedeu, José Pedrosa, 55 anos, viu o movimento reduzir 70% há cerca de três anos. Agora, teme não conseguir se manter. “Isso aqui vai virar um deserto. A nossa preocupação é o movimento chegar a zero”, lamenta. Com parte da estrutura do viaduto comprometida, o cabeleireiro se preocupa com a segurança. “A gente sente o teto trepidar e tremer com a passagem dos carros lá em cima. Sempre foi assim, mas precisamos trabalhar. Vamos fazer o quê?”
Proprietária de uma loja de artigos de presentes, Teresa Ishie, 70, resiste no centro comercial há 38 anos. Ela conta que ouviu comentários sobre interdição da galeria. “Como nós vamos ficar? A gente depende disso. Vai gerar ainda mais desemprego. Estamos em uma incerteza total”, desabafa.
O chaveiro Edmilton Fernandes de Miranda, 55 anos, teve os atendimentos reduzidos para 80% de 2015 para 2017. “O nosso problema não é só esse desabamento. A Galeria dos Estados está abandonada há anos. Isso só acentuou o problema”, comenta.

Levantamento

Com medo das outras estruturas que ficaram de pé, a presidente da Associação dos Lojistas da Galeria dos Estados, Maria Inês Fontenele Mourão, 80 anos, começou ontem a fazer um levantamento das edificações comprometidas para acionar o governo. Primeira comerciante a se instalar na passarela subterrânea, ela disse que nunca houve manutenção nem reforma no local.
Segundo Maria Inês, foram constatadas rachaduras, trincas e goteiras na escada próximo à marquise que leva ao ponto ônibus no Eixo W, sentido Asa Sul. Ela ainda notou goteiras na parte do viaduto que ficou de pé. “Podemos ser vítimas de uma tragédia anunciada. Vejo como todos estão preocupados e com medo de vir trabalhar”, destacou.
Segundo o governo, há um projeto para revitalização da Galeria dos Estados, que conta com reestruturação e acessibilidade, porém não existe dinheiro nem prazo. A Secretaria das Cidades informou que identificou quem tem direito de atuar no espaço, com base na lei que estabelece os critérios para a exploração de atividade econômica em espaços públicos, e realiza processo para a entrega dos termos de permissão para atuação no local. “Após essa ação, o objetivo é lançar um edital para oferecer os espaços que estejam vazios. Atualmente, o Governo de Brasília prepara 34 termos de permissão a serem entregues aos comerciantes do local, que passarão a trabalhar de forma regular”, informou a pasta, por meio de nota oficial.

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