Delegados da Polícia Federal que atuam na Operação Lava Jato reagiram nesta segunda-feira aos indicativos de que o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), estaria em busca de um “pacto” para paralisar as investigações e afirmaram que a apuração sobre o propinoduto bilionário instalado na Petrobras continuará independentemente da vontade de agentes políticos e da recente ascensão de Michel Temer ao poder.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira revelou conversa gravada entre Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Nela, Jucá sugere que uma possível mudança no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” feita pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. As conversas aconteceram em março, semanas antes da votação pelo impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, e foram gravadas de forma oculta.
“É preciso tomar cuidado para que a Operação Lava Jato não seja envolvida em um jogo político que não faz parte da atividade policial. Se houver indícios [de tentativa de paralisar as investigações], vão ser apurados no foro adequado. Vamos ter que aguardar para ver se é necessário [tomar] alguma medida aqui [no Paraná, onde tramitam processos de investigados sem foro]. Mas está mais do que claro que a Lava Jato não foi e não será barrada por qualquer pessoa no país”, disse o delegado Igor Romário de Paula, um dos coordenadores da Lava Jato.
“Diante do eventual receio de que a gente possa ser prejudicado com eventual intenção do ministro do Planejamento, o que a gente tem notado é que a Lava Jato atingiu um patamar republicano no Brasil e que a Polícia Federal, ao lado do Ministério Público Federal e da Receita Federal, não sofre influências políticas”, completou o delegado Luciano Flores, responsável pela 29ª fase da Lava Jato, deflagrada na manhã de hoje. “Não bastam intenções ou declarações de qualquer governo que seja. A Lava Jato está baseada em indícios e provas contundentes, propiciando que o Ministério Público Federal faça denúncias baseadas em fatos concretos e que o Poder Judiciário possa condenar quem tiver de ser condenado e absolver quem tiver de ser absolvido”, declarou.