Esse tipo de planeta pode ser apelidado de “Tatooine” (mundo que orbitava dois sóis), em homenagem ao lar da família de Luke Skywalker, de Star Wars
Cientistas descobriram o maior planeta que orbita em torno de duas estrelas já visto. De acordo com os astrônomos da Nasa e da Universidade Estadual de San Diego, o exoplaneta (mundo fora do Sistema Solar) está a uma distância considerada como “zona habitável”, região ao redor de uma estrela na qual planetas conseguem manter a presença de água em estado líquido e, consequentemente, com potencial de abrigar vida. Esse tipo de planeta pode ser apelidado de “Tatooine”, em homenagem ao lar da família de Luke Skywalker, da saga Star Wars, que tinha a peculiaridade de contar com dois sóis.
A equipe de astrônomos anunciou as conclusões na última segunda-feira durante a conferência da American Astronomical Society, que acontece nesta semana em San Diego, Califórnia. A descoberta foi aceita para ser publicada na revista científica Astrophysical Journal. Este é o 11º exoplaneta circumbinário (que orbita duas estrelas) descoberto desde 2005.
Zona habitável – O planeta está em uma órbita que o coloca “dentro da chamada zona habitável”, segundo um comunicado da Universidade Estadual de San Diego. Em teoria, isso significa que o planeta não é nem muito quente, nem muito frio para que possa haver vida e água em estado líquido. No entanto, por ser um planeta gasoso, é pouco provável que a vida possa se desenvolver por lá – mas poderia surgir possivelmente em alguma das suas grandes luas. Assim como Saturno e Júpiter, Kepler-1647b, como foi chamado, tem luas rochosas que poderiam ser bons locais para os pesquisadores buscarem por vida.
A descoberta foi feita utilizando o telescópio orbital americano Kepler. Segundo a Nasa, Kepler-1647b é do tamanho de Júpiter, tem 4,4 bilhões de anos de idade e se encontra na constelação de Cygnus, a 3.700 anos-luz da Terra (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros). O planeta ainda possui a maior órbita para seu tipo – gira em torno das duas estrelas em 1.107 dias, ou pouco mais que três anos terrestres. Segundo os especialistas, as duas estrelas são similares ao Sol.
Os cientistas conseguem detectar os exoplanetas quando estes passam na frente das suas estrelas, o que provoca uma diminuição passageira da luminosidade. O fenômeno, chamado de trânsito astronômico, permite deduzir a massa do planeta e a distância a que ele está da sua estrela. “Encontrar exoplanetas circumbinários é muito mais difícil. A passagem do planeta diante das duas estrelas não é regularmente espaçada e, portanto, sua duração pode variar”, disse William Welsh, astrônomo da Universidade Estadual de San Diego e um dos autores da descoberta.
Uma vez que um candidato a exoplaneta é descoberto, os astrônomos utilizam sofisticados programas informáticos para determinar se efetivamente se trata de um planeta, um processo que pode ser longo e difícil. O astrônomo Laurance Doyle, do Instituto SETI – cuja missão é “buscar inteligência extraterrestre” – observou o trânsito do Kepler-1647b pela primeira vez em 2011. Os cientistas levaram, porém, vários anos coletando e analisando dados adicionais para confirmar que se tratava, de fato, de um exoplaneta circumbinário.
(Com AFP)