“Isso é de impacto lá atrás. Estamos decolando em V”, diz Guedes sobre PIB
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira, 1º de setembro, que não causa preocupação ao governo o recuo histórico de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB), no 2º trimestre deste ano, na comparação com os 3 primeiros meses do ano.
“Isso é impacto do raio que caiu em abril”, afirmou Guedes, no Palácio da Alvorada, sobre os impactos da crise do coronavírus na economia brasileira. “Isso é de impacto lá atrás. Estamos decolando em V”, disse Guedes, usando a metáfora para explicar que após uma queda rápida da atividade, deve acontecer também uma alta na mesma intensidade.
Com o resultado, o Brasil entrou oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de encolhimento do nível de atividade.
Trata-se da queda mais intensa desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996.
Nota oficial
Diante da queda recorde, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia avaliou que o tombo na economia brasileira foi menor que em outros países, mas que é preciso continuidade da agenda de reformas e de consolidação fiscal para que a retomada seja “consistente”.
“A melhora das projeções da variação do PIB no 2º trimestre ao longo dos últimos dois meses está relacionada com o sucesso das políticas econômicas que limitaram a deterioração do mercado de trabalho, manteve a estrutura produtiva e garantiu renda para as famílias mais pobres e para os trabalhadores informais”, disse a SPE em nota.
A nota da Secretaria cita as quedas do 2º trimestre de países do G7 e outros países em desenvolvimento. A queda média no grupo dos sete países com a economia mais desenvolvida quando comparado ao mesmo trimestre de 2019 foi de -11,9%. Algo semelhante
ocorre para os países emergentes como Chile, México e Índia foram de -13,7%, -19% e -23,9%, respectivamente.
“Os indicadores de maior frequência mostram que a atividade continua recuperando. No entanto, para que a retomada seja consistente, é importante a continuidade da agenda de reformas estruturais e da consolidação fiscal”, completou.
A SPE citou a baixa produtividade da economia brasileira como fator para o lento crescimento do PIB e entende não haver outro caminho para elevação do bem-estar da população que não seja por medidas que busquem a correção da “má alocação” e que incentivem a expansão do setor privado.
“A agenda de reformas já está retomando, com a aprovação pelo Congresso Nacional que atualiza o marco legal do saneamento e diversos projetos que estão sendo tramitados como a mudança na lei de falências, aumento da competitividade no setor de gás e o desenvolvimento do transporte de cabotagem”, disse a nota.
A economia brasileira sofreu contração recorde no segundo trimestre ao despencar 9,7% sobre os três meses anteriores, com perdas históricas na indústria e no setor de serviços devido às medidas de contenção da Covid-19.