O Iraque cifrou nesta segunda-feira em US$ 88,2 bilhões o custo da reconstrução do país pela devastação sofrida durante os três anos de guerra contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), com fundos que Bagdá espera arrecadar na conferência de doadores que começou hoje no Kuwait.
O orçamento será destinado, em parte, a erguer de novo as infraestruturas danificadas pelo EI e pelos combates dos jihadistas contra as forças governamentais, que aconteceram entre 2014 e dezembro do ano passado, explicou o ministro de Planejamento iraquiano, Salman al Yumaili, na sessão de abertura da conferência, segundo a agência oficial kuwaitiana “KUNA”.
Entre outros projetos, deverão ser recuperados 138.000 imóveis que foram danificados nas áreas ocupadas pelo grupo jihadista, muitas dos quais ficaram totalmente destruídos, segundo o presidente do fundo de reconstrução, Mustafa al Hiti.
Mossul, com cerca de dois milhões de habitantes, foi a cidade mais populosa que esteve sob o controle do EI e é uma das mais afetadas pela sangrenta batalha para sua libertação, que se prolongou entre outubro de 2016 e julho do ano passado.
Os fundos também serão utilizados para apoiar as cerca de 2,6 milhões de pessoas que continuam deslocadas dos seus lares após os combates, além de para realizar projetos de desenvolvimento econômico, estabilização e de fomento à convivência.
Os projetos de desenvolvimento, todos eles abertos a investimentos privados estrangeiros, incluem a recuperação do aeroporto de Mossul e a construção de novas linhas de ferrovia, aeroportos, estradas e portos.
Além disso, uma parte considerável do orçamento prevê a recuperação e desenvolvimento do setor petroleiro, motor da economia do país, que também se viu afetado pelos terroristas.
Entre os projetos petroleiros está incluída a construção de três refinarias novas, a reabilitação de outras duas e a construção de cinco instalações de armazenamento de petróleo e derivados; além de três novas usinas petroquímicas.
No total, o governo iraquiano apresentou um pacote de 212 projetos, que também propõe o desenvolvimento de setores como a agricultura, o turismo, a saúde, a educação e a energia solar.
A conferência de doadores, organizada pelo Iraque e o Kuwait, conta com a participação representantes da ONU, de vários organismos internacionais e dos 74 países que integram a coalizão militar liderada pelos Estados Unidos que apoiou o Iraque na guerra contra o EI, cujo final foi anunciado oficialmente pelo governo iraquiano em dezembro do ano passado.
A arrecadação total da conferência será anunciada na próxima quarta-feira, em uma sessão na qual deve participar o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Em paralelo à sessão inaugural de hoje, também começou outra conferência na qual participam cerca de 70 ONGs, incluindo 30 organizações regionais e internacionais, 25 iraquianas e 15 kuwaitianas, que trocaram suas experiências na ajuda aos deslocados e afetados pela guerra no Iraque.
Essa conferência, que tem como objetivo abordar o modo de satisfazer as necessidades básicas dos milhões de deslocados iraquianos, reuniu até o momento promessas de ajudas em um valor total de US$ 330 milhões.
Desses fundos, US$ 130 milhões correspondem aos projetos apresentados pelo Comitê Internacional da Cruz vermelha.
À margem da conferência de doadores, amanhã acontecerá no Kuwait uma reunião de ministros de Relações Exteriores da coalizão internacional, que estará liderada pelo secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, que começou hoje no Egito uma viagem pelo Oriente Médio.