Pesquisa mostra que pessoas que não apoiaram nenhum dos candidatos no segundo turno de 2022 têm percepção mais negativa do cenário econômico do que a média geral da população
Dados da nova pesquisa do Ipec mostram que a maioria dos eleitores que declaram ter votado nulo ou em branco no segundo turno da eleição presidencial entre Lula e Jair Bolsonaro considera que a situação econômica do país está igual ou pior que há seis meses.
Segundo o levantamento, realizado entre 4 e 8 de abril e obtido com exclusividade pelo GLOBO, 41% desse grupo avaliam que a economia andou de lado nos últimos seis meses, enquanto 37% acham que houve piora. Considerando a margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou menos, os dois grupos são estatisticamente equivalentes. Outros 19% acreditam que a economia melhorou no período.
A percepção de quem se negou a apoiar Lula ou Bolsonaro em 2022 sobre o desempenho recente do governo na área econômica é mais negativa do que a da média geral da população. Considerando o universo total de 2.000 entrevistados pelo instituto de pesquisas, 33% dizem que houve melhora, contra 28% que acham que a situação está igual à de seis meses atrás, e 36% que veem um cenário pior agora.
Os resultados do levantamento indicam que o distanciamento entre a visão de lulistas e bolsonaristas se mantém mesmo após um ano e meio da eleição presidencial. Para 66% dos que votaram em Bolsonaro, a economia está pior, e 9% apontam melhora. Entre lulistas, os percentuais praticamente se invertem: 10% admitem deterioração do quadro econômico, enquanto 60% dizem que a economia está melhor que há seis meses.
Hoje são 40% os brasileiros que dizem acreditar que o país estará em uma situação econômica mais positiva daqui a seis meses, contra 31% que se dizem pessimistas. Em setembro do ano passado, eram 51% os que diziam acreditar na melhora, ¨contra 27% que projetavam piora.
Para a CEO do Ipec, Márcia Cavallari, os resultados do levantamento indicam que o governo Lula não conseguiu até aqui atender àquilo que se esperava do petista:
— As expectativas em relação à situação econômica do país são positivas, mas bem menores do que já foram. É necessário que essa expectativa se consolide para que possa haver uma reversão da tendência observada até aqui. A população precisa de resultados concretos perceptíveis no seu dia a dia — opina.
O Ipec entrevistou presencialmente 2.000 eleitores de 129 municípios entre 4 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.