A descoberta da ação de células presente na defesa das infecções pode dar novos rumos às pesquisas com vacinas
Um estudo realizado pelo Instituto de Arboviroses da Universidade de Wenzhow, na China, em parceria com outras instituições, concluiu que após umainfecção por dengue, a imunidade adquirida pode proteger contra o vírus da zika.
O trabalho utilizou camundongos como cobaias, que foram divididos em dois grupos: um que havia sido infectado inicialmente com o vírus da dengue e após recuperados foram infectados com o vírus da zika; e um segundo grupo infectado pelo zika, sem ter tido uma infecção prévia de dengue.
Durante o trabalho, foi observado que os animais que tiveram denguedesenvolveram a chamada proteção cruzada: termo utilizado para referir-se à transferência de microrganismos.
Além disso foram observadas a presença de linfócitos T CD8 — células de defesa que se formaram após a combinação dos vírus da dengue e da zika.
Nos resultados, o grupo com infecção anterior de dengue apresentou uma carga reduzida de zika no organismo.
Após imunidade adquirida em cobaias, pesquisadores acreditam que uma infecção anterior por dengue pode impedir casos graves de contaminação por zika, ou até mesmo a microcefalia em bebês gerados por mães que tiveram zika na gestação.
A presença de anticorpos por uma infecção de dengue pode explicar por que nem toda mulher com zika transmite a doença para o bebê, e também por que algumas pessoas podem ter sido infectadas com zika e nunca terem desenvolvido a doença.
A descoberta da ação dos linfócitos T CD8 presente na defesa das infecções pelos vírus da dengue e da zika pode dar novos rumos às pesquisas com vacinas em andamento. Até agora, segundo o artigo, a maioria dos testes com vacinas atua somente contra os linfócitos B — que produzem anticorpos após o contato com uma infecção.
Já as células do tipo T têm ação direta sobre o microrganismo, agindo antes da infecção.