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Ibovespa sobe e volta aos 90 mil apesar de queda do PIB. Entenda:

Otimismo generalizado com perspectiva de recuperação econômica dá continuidade ao rali das bolsas de valores

Bolsa: Ibovespa já subiu mais de 45% desde as mínimas do ano (Jesada Wongsa/Getty Images)

A bolsa brasileira segue em trajetória de alta, nesta terça-feira, 2, acompanhando o otimismo internacional com a recuperação das principais economias do mundo. Às 13h52, o Ibovespa, principal índice de ações, avançava 1,93% e marcava 90.341 pontos, caminhando para nova máxima desde 10 de março, quando fechou em 92.214,47 pontos.

Desde as mínimas do ano, quando tocou os 61.690 pontos, o Ibovespa já subiu mais de 45%. Segundo Marcel Zabello, analista da Necton Investimentos, a reabertura das economias e a maior disponibilidade de dados relacionados ao impacto do coronavírus na economia são os principais gatilhos para alta.

Embora a mediana das projeções do boletim Focus mostre que a expectativa é a de que o PIB brasileiro caía 6,5% neste ano e só volte ao patamar anterior a partir de 2022, o mercado projeta uma retomada mais acelerada, pelo menos na bolsa. “Quando olha para os Estados Unidos, nossa bolsa está para trás. Teoricamente, tem até mais espaço para subir”, disse Zambello.

No radar dos investidores também estão os estímulos por parte de governos e bancos centrais. De acordo com o jornal alemão Bild am Sonntag, a Alemanha planeja um novo pacote de até 80 bilhões de euros para acelerar a economia. Por lá, o índice Dax da bolsa de Frankfurt fechou em alta de 3,75%. “Não são todos países que têm bala para isso. Mas talvez ajude a retomar a atividade econômica um pouco mais rápido”, disse William Teixeira, diretor de renda variável da Messem Investimentos.

Segundo Teixeira, a valorização de ativos de maior participação no Ibovespa pode impulsionar ainda mais a alta do índice. “As principais ações do Ibovespa ainda não andaram, como Petrobras e os bancos. Ainda tem como ganhar bastante pontos com eles.”

Em meio ao otimismo generalizado, temas críticos, como a escalada de tensões entre China e Estados Unidos. “A guerra comercial atrapalha o cenário. Mas o rali está ignorando isso”, disse Zambello.

Na semana passada, Donald Trump anunciou retaliações à China em resposta à tentativa do governo chinês de ter maior controle sobre Hong Kong por meio da lei de segurança nacional. O gigante asiático prometeu contra-atacar, mas ainda não anunciou novas medidas.

Na segunda-feira, a Bloomberg noticiou que a China havia interrompido as importações de produtos agrícolas americanos, incluindo a compra de soja, que fazia parte da primeira fase do acordo comercial. Porém, nesta terça, o Global Times informou que carregamentos de soja americana continuam chegando à China.

Tampouco faz efeito sobre os mercados a onda de protestos antirracistas nos Estados Unidos, desencadeada após o cidadão negro George Floyd ter sido assassinado pela polícia de Minneapolis. Na véspera, Trump ameaçou mandar o Exército para “resolver” o que ele chama de “atos de terrorismo doméstico”. As manifestações têm terminado, de forma recorrente, em conflito com policiais. Mais de 20 dos 50 estados já contam com a presença da guarda nacional para tentar controlar a situação. Nos Estados Unidos, o S&P 500 caminha para sua sexta alta dos últimos sete pregões.

Por aqui, as ações de empresas fortemente atingidas pelos impactos econômicos do coronavírus lideram as altas da sessão. Na ponta do índice, os papéis da GOL sobem 13,6% e os da agência de turismo CVC, 11,74%. As ações das companhias de ensino Yduqs e Cogna sobem cerca de 10,5%.

 

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