Dados industriais da China e da Europa dão sinais de que o pior da crise econômica pode ter ficado para trás
A bolsa brasileira retomou o movimento de alta, nesta segunda-feira, 1, com os investidores repercutindo os dados positivos das industrias chinesas e da zona do Euro, que demonstram sinais de que o pior da crise econômica pode ter ficado para trás. Contudo, o embate comercial entre China e Estados Unidos ganha novos desdobramentos e aumenta a cautela entre os investidores. Às 13h, o Ibovespa, principal índice de ações, avançava 1,44% e marcava 88.664 pontos.
Nesta semana, a China voltou a apresentar números fortes. Divulgado ainda na noite de domingo, seu índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês ficou em 50,7 pontos, acima dos 50 pontos, que delimitam a expansão da contração da atividade. O resultado deu impulso às bolsas asiáticas, que fecharam no positivo, também absorvendo as altas dos mercados ocidentais de sexta-feira. Os números da indústria também vieram positivos na zona do Euro. Embora tenha ficado abaixo dos 50 pontos, os 39,4 pontos do PMI europeu de maio vieram quase em linha com as expectativas e melhores do que os 33,4 pontos registrados em abril.
Por outro lado, o otimismo com a recuperação econômica contrasta com a escalada de tensões entre China e Estados Unidos. De acordo com a agência Bloomberg, o governo chinês ordenou que suas estatais interrompessem a compra de produtos agrícolas americanos.
A relação entre os dois países, que já vinha azeda, se deteriorou ainda mais na semana passada, quando o parlamento chinês aprovou a lei de segurança nacional sobre Hong Kong, visto como uma tentativa de aumentar o controle sobre o território autônomo. Na sexta-feira, o presidente Donald Trump anunciou retaliações à medida, mas não ameaçou a primeira fase do acordo comercial, o que serviu de alívio para o mercado.
Mas, de acordo com Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, a retaliação chinesa ao setor agrícola dos Estados Unidos pode colocar em xeque a primeira fase do acordo, visto que a importação de soja americana fazia parte das negociações. “Vamos ver como o governo americano vai se pronunciar. Até então, estão mais tranquilos.”
Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research, vê a alta impulsionada pelo mercado local. “Estão reduzindo posição vendida e comprando índice. Não tem estrangeiro.”
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 avança 0,25%. Na Europa, as principais bolsas de valores fecharam em alta de mais 1%, ainda absorvendo o discurso mais brando que Trump fez na sexta-feira.