De acordo com a polícia, as investigações apontam para possíveis irregularidades no contrato de gestão firmado entre a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) e o Serviço Social Autônomo Parque Granja do Torto
O governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerou o diretor-presidente Fábio Cipriano Chaves e o diretor-executivo Wilson José Brandão Júnior da gestão do Parque Granja do Torto. Os dois foram alvos de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na manhã desta sexta-feira (25/10).
O chefe do Executivo local nomeou Edson Rohden, que é técnico de planejamento urbano e infraestrutura, para exercer o cargo de diretor-presidente. Já Marcelo Pereira Tassinari, técnico de desenvolvimento e fiscalização agropecuária, assume o lugar deixado por Júnior, como diretor-executivo. Os dois assumirão de forma interina e as nomeações já foram publicadas em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).
Chaves e Júnior foram dois dos 14 alvos de busca e apreensão na manhã desta quinta, cumpridos por policiais civis da Delegacia de Repressão à Corrupção, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DRCOR/Decor). De acordo com a polícia, as investigações apontam para possíveis irregularidades no contrato de gestão firmado entre a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) e o Serviço Social Autônomo Parque Granja do Torto.
Os investigadores identificaram ocultação de informações e inconsistências na prestação de contas dos recursos públicos destinados à instituição. A operação foi batizada de “Spectamus”.
O Correio tenta localizar a defesa dos dois suspeitos.
Notas fiscais
De acordo com os investigadores, houve dificuldades no acesso a informações financeiras relevantes e foram constatadas omissões nos relatórios de prestação de contas. Além disso, foram encontradas notas fiscais que não atendem às diretrizes legais, com indícios de fraude na execução dos serviços contratados. Há suspeitas de que as empresas envolvidas não possuem estrutura adequada para realizar as atividades descritas, sugerindo que tais serviços podem não ter sido efetivamente prestados.
Também foi constatado o pagamento em duplicidade a escritórios de advocacia, sem a devida identificação e discriminação dos serviços. Os investigadores acreditam que os desvios de dinheiro público foram realizados por meio de contratos simulados.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na residência de cinco advogados, em escritórios de advocacia, em empresas envolvidas e na sede do Serviço Social Autônomo Parque Granja do Torto, com ações realizadas no Distrito Federal, abrangendo as regiões do Plano Piloto, Sobradinho, Águas Claras, Sudoeste e Riacho Fundo.
Os suspeitos poderão ser indiciados por crimes como peculato (art. 312 do CPB), associação criminosa (art. 288 do CPB) e lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98). Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.