O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou nesta terça-feira (15) que uma das propostas estudadas para reter o óleo que se alastra pelo litoral do Nordeste é a instalação de barreiras de contenção. No entanto, o órgão esclareceu que “a medida pode não alcançar a eficácia pretendida”.
As barreiras de contenção são compostas por uma parte flutuante e outra submersa, chamada saia, que tem a função de conter o óleo superficial (substância com densidade menor que a da água). Entretanto, o poluente que atinge o nordeste do país se concentra em camada sub-superficial. Por isso, as manchas não são visualizadas em imagens de satélite, sobrevoos e monitoramentos com sensores para detecção de óleo.
Outro problema das barreiras de contenção é que geralmente são eficazes em correntes com velocidades de até uma milha náutica por hora, e a vazão dos rios onde há os vazamentos é muito superior a essa capacidade.
Segundo o Ibama, nos casos em que o óleo derramado é de origem conhecida e sua dispersão é prevista, a instalação de barreiras em águas calmas é tecnicamente recomendável para proteger pontos sensíveis, como manguezais. Contudo, se os manguezais já estiverem oleados, a medida pode provocar o efeito inverso e impedir a depuração natural do ambiente.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, explicou que a contenção do óleo é difícil, pois trata-se de uma substância mais pesada, que fica abaixo do nível da água. Ou seja, não é possível cercar a área e retirar o produto.
Ainda assim, por precaução, o Ibama requisitou à Petrobras, mediante ressarcimento, a disponibilização do equipamento. Mais de 200 metros de barreiras estão em Aracaju à disposição de instituições com capacidade operacional para realizar sua instalação e manutenção
O Ibama e a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) também elaboraram uma lista de locais a serem priorizados em ações de proteção.
Manchas de óleo
A presença da manchas de óleo no litoral nordestino foi notada no fim de agosto. A primeira localidade em que, segundo o relatório do Ibama, a contaminação foi comunicada, fica na Praia Bela, em Pitimbu (PB), onde os fragmentos de óleo foram avistados no dia 30 de agosto. A partir daí, a substância escura e pegajosa se espalhou pelos nove estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).
A Polícia Federal (PF), a Marinha e os órgãos ambientais do Brasil tentam agora esclarecer como o material chegou às águas territoriais brasileiras e poluiu trechos do litoral nordestino.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, entre as hipóteses estão um possível vazamento acidental em alguma embarcação ainda não identificada; um derramamento criminoso do material por motivos desconhecidos ou a eventual limpeza do porão de um navio.
Ao participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, na semana passada, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que análises laboratoriais confirmaram que a substância não provém da produção da estatal petrolífera.