Campanha pede cancelamento dos pagamentos da dívida de 69 países neste ano, estimando liberação de mais de 25 bilhões de dólares
Quase 140 grupos e instituições de caridade pediram ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Grupo das 20 principais economias (G20) e credores privados nesta terça-feira para ajudarem os países mais pobres do mundo na crise do novo coronavírus, cancelando pagamentos de dívida.
A reunião, encabeçada pela Jubilee Debt Campaign, sediada no Reino Unido, ocorre um dia antes da reunião do G20 encarregada de definir a resposta de coronavírus aos países em desenvolvimento.
Separadamente, o ministro das Finanças do Gana, Ken Ofori-Atta, que preside o Comitê de Desenvolvimento que assessora o FMI e o Banco Mundial, pediu à China – o maior credor bilateral da África – a fazer mais para aliviar seu peso da dívida.
A campanha da Jubilee Debt pede o cancelamento imediato dos pagamentos da dívida de 69 países pobres pelo resto do ano, inclusive para credores privados, estimando uma liberação de mais de 25 bilhões de dólares para os países ou 50 bilhões de dólares se estendido até 2021.
Também pede para que o cancelamento de dívidas ou o financiamento adicional fique livre de condições de política econômica, como austeridade, e que o G20 apoie regras de emergência que impediriam que países mais pobres fossem processados por credores privados.
“Os países em desenvolvimento estão sendo atingidos por um choque econômico sem precedentes e, ao mesmo tempo, enfrentam uma emergência de saúde urgente”, disse Sarah-Jayne Clifton, diretora da Jubilee Debt Campaign.
Os principais governos e instituições já estão pressionando por algumas das medidas que os grupos estão pedindo.
O FMI está disponibilizando 50 bilhões de dólares de seu instrumento de financiamento de emergência e cerca de 80 países já pediram ajuda. O Banco Mundial também aprovou um pacote de resposta ao Covid-19 de 14 bilhões de dólares.
As instituições também estão fazendo um esforço conjunto para que os credores bilaterais oficiais permitam que os países de baixa renda suspendam seus pagamentos de dívida por 14 meses a partir do início de maio.