Manifestantes revoltados com a morte de um homem pelas mãos da polícia no início desta semana incendiaram carros e lixeiras em uma área ao norte de Paris de quinta para sexta-feira, mas, apesar da terceira noite de tumulto, a tensão pareceu diminuir, disse uma autoridade local nesta sexta-feira.
Os protestos começaram na noite de terça-feira, quando Adama Traoré, de 24 anos, morreu enquanto era levado a uma delegacia. Ele havia sido preso por causa de uma confusão na área de Val d’Oise, cerca de 40 quilômetros ao norte da capital francesa.
Familiares disseram que ele parece ter sido morto pela polícia. A autópsia não encontrou sinais de violência significativa no corpo, mas revelou que ele vinha sofrendo de uma “infecção muito séria”, de acordo com um oficial de justiça.
Jean-Simon Merandat, chefe do comando da polícia de Val d’Oise, disse que familiares e amigos do morto planejam uma passeata ainda nesta sexta-feira e que as autoridades locais estão tratando do assunto com eles.
Nos episódios de violência ocorridos de quinta para sexta-feira, menos intensos do que nas noites anteriores, um veículo da polícia foi atingido por tiros de chumbo grosso e seis carros e vários cestos de lixo foram incendiados, disse Merandat a uma rádio pública francesa.
“As coisas estão apontando para um alívio na tensão”, afirmou, acrescentando que cinco pessoas foram presas, mas nenhuma foi posta sob custódia.
Mais cedo nesta semana, uma multidão de cerca de 200 pessoas atirou coquetéis molotov na polícia e em edifícios públicos.
Traoré foi preso depois de uma discussão com a polícia enquanto agentes procuravam seu irmão em razão de um crime de pouca gravidade.
Cerca de 180 policiais foram mobilizados para restaurar a calma, cinco dos quais ficaram ligeiramente feridos na terça-feira quando alguém abriu fogo contra os agentes com o que Merandat disse ter sido provavelmente uma arma de caça.
Semanas de protestos irromperam nos subúrbios muitas vezes precários de Paris em 2005 após a morte de dois jovens que foram eletrocutados quando se esconderam da polícia em uma estação de geração de eletricidade.
Na quinta-feira, um ombudsman independente afirmou em um comunicado que foi convocado para investigar o assunto e que um inquérito será aberto para examinar a maneira como a polícia tratou da questão.