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Festival Latinidades debaterá a presença dos negros na comunicação

A programação começa hoje e segue até 30 de julho

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A grande atração deste ano é a estudiosa norte-americana Kimberlé Crenshaw

Desde 1992, comemora-se em 25 de julho o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, um marco internacional da luta e da resistência das mulheres negras. Há nove anos, a capital federal lembra a data por meio do Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha. A edição 2016 do evento tem início hoje e segue até 31 de julho debatendo assuntos ligados às questões negras, com programação gratuita no Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios.

O Festival Latinidades, que já discutiu o cinema negro e griôs da diáspora negra nos últimos dois anos, terá sua programação voltada ao tema “Comunicação: publicidade, jornalismo e redes sociais”. “A nossa ideia é trabalhar assuntos que estão ausentes na comunicação, que está sempre muito ligada a retratação da mulher negra de forma estereotipada. Queremos fazer esse contraponto, porque tem muita coisa legal sendo produzida por homens e mulheres negras. A ideia é destacar essa produção de conteúdo com uma programação variada para trazer uma reflexão”, explica Bruna Pereira, uma das organizadoras do festival.

Apesar de o evento ser dedicado aos assuntos ligados à mulher negra, Bruna diz que é preciso debater a questão racial entre todos. “É uma questão de toda a sociedade. Acaba tendo um público majoritário de mulheres negras, mas são assuntos interessantes e que dizem respeito a todo mundo sobre uma produção artística e cultural que não é muito visível. Essa é a oportunidade do público ter contato”, completa.

A primeira programação será hoje, a partir das 18h, com a ocupação da Rodoviária do Plano Piloto em homenagem ao Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha e ao início do festival. A partir de amanhã, o festival começa a ter atividades culturais, como exposição fotográfica e mesas de debate. Até domingo, o evento contará ainda com shows, exibição de curtas-metragens, lançamentos de livros, programação infantil e oficinas.

Entre os destaques deste ano está a presença da intelectual norte-americana Kimberlé Crenshaw, que é responsável pela teoria da interseccionalidade, um conceito sociólogo para explicar as interações na vida das minorias, com foco, principalmente, em questões de gêneros. A estudiosa participará de uma conferência em 22 de julho, às 19h30, no Museu Nacional da República, mediada por Jurema Werneck, fundadora da ONG Criola.

“Também haverá a mesa de abertura sobre a democratização da comunicação, que tem um time que vem para somar (com a apresentadora Luciana Barreto; o fundador da Casa de Cultura Tainã e da Rede Macambos Mestre TC; a jornalista Juliana Cézar Nunes e o produtor cultural Dom Filó)”, destaca Bruna sobre o programa de 2016.

Confira a programação completa do Festival Latinidades

25/7 (segunda-feira)

18h – Abertura do Festival Latinidades: Celebração do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, com ocupação na Rodoviária do Plano Piloto com intervenções artísticas e performances. Local: Rodoviária do Plano Piloto.

De 26/7 a 31/7 – No auditório 2 do Museu Nacional. Exposição fotográfica – Mulheres quilombolas em Marcha, de Ana Carolina Fernandes (em parceria com a CONAQ).

26/7 (terça-feira)

17h30 – Debate: Terça Afro – “Territórios de Afetos”

19h30 – Mesa de abertura – “Democratização da comunicação”. Participantes: Luciana Barreto (RJ), Mestre TC (SP) e Juliana Cézar Nunes (DF). Debatedor: Dom Filó (RJ).

27/7 (quarta-feira)

10h – Mesa 01 – “Vozes da perifa: comunicação insurgente; comunicação e resistência”. Participantes: Thamyra Thâmara (RJ), Thabata Lorena (DF) e Maíra Azevedo (BA). Debatedora: Priscila Rodrigues (RJ).

14h – Cine Afrolatinas
> KBELA, de Yasmin Thayná (duração: 23 min). Sinopse: um olhar sensível sobre a experiência do racismo vivido cotidianamente por mulheres negras. A descoberta de uma força ancestral que emerge de seus cabelos crespos transcendendo o embranquecimento. Um exercício subjetivo de autorepresentação e empoderamento.
> DANDARAS: a força da mulher quilombola, de Ana Carolina Fernandes e Amaralina Fernandes (duração: 31 min). Sinopse: o documentário apresenta as trajetórias e o engajamento de mulheres quilombolas que atuam como lideranças políticas de suas comunidades e do movimento quilombola como um todo. Quais são os discursos destas mulheres sobre suas trajetórias? Busca-se, a partir dos pontos de vista de algumas destas lideranças, conhecer os motivos que as levaram a ocupar estas posições e aqueles que as fazem permanecer na luta.

15h – Mesa 02 – “Estética como estratégia política”. Participantes: Denise Ferreira da Costa Cruz (DF), Aretha Sadick (SP) e Hendi Mpya (África do Sul). Debatedora: Djamila Ribeiro (SP).

17h – Oficina – “Terapia Escrita – Mulher Negra: Do Substantivo ao Subjetivo”, com Jarid Arraes.

17h30 – Elas Debatem: Feminismo negro & comunicação, com Mídia Ninja.

28/7 (quinta-feira)

10h – Mesa 03 – “Nós por nós: mídias negras em ação”. Participantes: Ana Flávia Magalhães Pinto (SP), Larissa Santiago (BA) e Sueli Carneiro (SP). Debatedora: Angelica Basthi (RJ).

14h – Cine Afrolatinas
> NEGROS: A docu-series about Latino identity (Uma docu-série sobre a identidade de Latinos/as), de Dash Harris (duração: 32 minutos). Legendas em português. Sinopse: NEGROS é uma docu-série que explora a identidade, a colonização, o racismo e a diáspora africana na América Latina e no Caribe. Por meio de entrevistas francas com afro-latinos/as, manifestações sociais dos complexos em relação à cor e suas consequências são desconstruídas.

> O sal dos olhos, por Letícia Bispo (duração: 18 min). Sinopse: Rafaela saiu de casa para ir à faculdade, mas ela percebe que não pode deixar tudo para trás.

15h – Mesa 04 – “Arte e protesto”. Participantes: Renata Felinto (SP), Eliane Dias (SP) e Jarid Arraes (SP). Debatedora: Sueide Kintê (BA).

17h – Oficina – “Print: Materializando zines”, com Bianca Novais e Flora Egécia (Estúdio Cajuína).

19h – Roda de capoeira. Grupo Nzinga de Capoeira Angola – com Mestra Janja e Mestra Paulinha.

29/7 (sexta-feira)

10h – Mesa 05 – “Educomunicação e combate ao racismo”. Participantes: Jean Yves Bassangna (Camarões), Denise Teófilo (SP) e Sátira Pereira Machado (RS). Debatedora: Fernanda Luiza Duarte (DF).

14h – Cine Afrolatinas
> Jornalista Preta de gênero e cor, de Mariana Alves Tavares (duração: 26 min). Sinopse: Gravado com uma câmera de telefone celular, o documentário analisa a presença e identidade das jornalistas negras que trabalham em telejornais, contando com a participação de jornalistas negras que vivem diferentes cenários da produção jornalistica: micro, com a repercussão local; médio, com a repercussão regional/estadual; e macro, com a repercussão estadual/nacional.

> A escrita do seu corpo, de Camila de Morais (duração: 14 min). Sinopse: O documentário “A Escrita do Seu Corpo” aborda a questão racial e de gênero feminino a partir da poesia. Três modelos distintas escolhem três poemas de autores/as diferentes que trabalhem com essa temática. Em sua poesia, Mirapotira, rapper baiana, fala do feminismo e o poder da mulher. A poeta Lívia Natália dialoga com a questão da aceitação do cabelo crespo pela mulher negra. Já o escritor e poeta gaúcho Paulo Ricardo de Moraes argumenta sobre o poder da união entre o povo negro.

> Òrun Àiyé: a criação do mundo, de Cintia Maria e Jamile Coelho (duração: 12 min). Sinopse: O vovô Bira narra como os deuses africanos Olodumaré, Orunmilá, Oduduwa, Oxalá, Nanã e Exú interagem na descoberta dos mistérios do universo. No início, a narração é focada na tarefa dada por Olodumaré a Oxalá. Pelos desertos africanos, a missão de Oxalá encontra desafios e nos traz relatos de como as lendas africanas retratam a criação dos seres humanos, da natureza e de todo o mundo pela voz do vovô Bira.

15h – Mesa 06 – “Inventividades e afroempreendedorismo”. Participantes: Kizzy Fernanda Terra Ferreira dos Reis (RJ), Monique Evelle (BA) e Silvana Bahia (RJ). Debatedora: Adriana Barbosa (SP).

17h – Oficina – “Oficina de Cordel”, com Jarid Arraes.

19h30 – Conferência – Kimberlé Crenshaw (EUA). Debatedora: Jurema Werneck (RJ).

22h – Festa Latinidades. Pista Afro-Latinas: Tati Quebra Barraco (RJ), Heavy Baile + Mc Carol (RJ), Pretas Sonoras (SP/ RJ/ DF). Pista Batekoo Som: Djs do Batekoo (Salvador). Concurso RuPaulas (as melhores drags da festa). Local: Minas Tênis Clube. Classificação indicativa 18 anos. Ingressos: R$20 (antecipado).

30/7 (sábado)

11h às 21h – Feira Latinidades

10h às 17h – Espaço Kids Latinidades

14h – Espaço Kids Latinidades: “Erês! Roda de conversa infanto-juvenis”. Participantes: Gustavo Gomes (SP), MC Soffia (SP) e Pedro Henrique Cortês (SP). Coordenadora: Renata Morais (RJ).

15h – Contação de histórias (crianças de até 6 anos), com Cecy Wenceslau.

15h30 às 17h – Oficina – “Confecção e customização de fantasias infantis”, com Ednilson Catanhede, Renata Morais e Elis Catanhede (RJ).

16h – Latinidades Sustentável – Oficina: Horta e alimentação saudável para crianças, com Juarez Martins.

14h30 às 18h30 Oficina – Rotas Mocambolas no Latinidades, com Casa de Cultura Tainã, Ocupação Cultural Mercado Sul Vive! e Rede Mocambos – com a presença de Mestre TC.

16h às 17h – Oficina – “Turbantes”, com Juliana Yemisi Luna (SP).

Shows Latinidades (área Externa do Museu Nacional)

19h30 – Arielly

20h10 – Donas da Rima (DF)

20h50 – MC Soffia (SP)

21h30 – Beth D’Oxum e Coco de Umbigada

22h20 – Rico Dalasam

23h10 – Dream Team do Passinho (RJ)

0h – Okwei V Odili (Nigéria)

1h – Hope Clayburn (EUA)

31/7 (domingo)

11h às 21h – Feira Latinidades

14h às 15h30 – Slam A Coisa Tá Preta! – Batalha de Poesia, com Tati Nascimento e Meimei Bastos (DF).

14h às 17h – Espaço Literário. Lançamentos: Ana Caroline da Silva e Whellder Guelewar (orgs.) – “Terça Afro – Território de afetos”; Bruna Cristina J. Pereira – “Tramas e dramas de gênero e de cor”; Cristiane Sobral – “Não vou mais lavar os pratos”- 3ª ed. revisada e ampliada; Davi Nunes – “Bucala – A pequena princesa do quilombo do Cabula”; Francielle Costacurta – “Poesia em primeira pessoa”; Goli Guerreiro – “Alzira está morta”; Gustavo Gomes – “Meu universo”; Jarid Arraes – “As lendas de Dandara” e diversos cordéis; Lívia Natália – “Correntezas e outros Estudos Marinhos”; Maria de Lourdes Teodoro – “Identidade cultural e diversidade étnica – Négritude africano-antilhana e Modernismo brasileiro”; Maria Nilda (Dinha) – “Zero a Zero: 15 poemas contra o genocídio da população negra”; Mel Duarte – “Negra nua crua”; padê editorial: “{Penetra-Fresta}”, de Bárbara Esmenia; “lundu”, de tatiana nascimento; “interiorana”, de Nívea Sabino; Taís de Sant’Anna Machado – “De Dendê e Baianidade”. Lançamento especial da Revista Traços.

14h30 às 16h – Oficina – “Maquiagem para pele negra – Projeto Negras do Brasil”, com DaMata Makeup (SP).

15h às 18h – Espaço Kids Latinidades: Bailinho à fantasia, com Crespinhos SA (RJ).

14h às 20h30 – Oficina – “Vivência de Percussão, Dança, Canto e História Tradicionais da cultura Yorùbá”, com Ìdòwú Akínrúlí (Nigéria).

14h às 17h – Oficina – “Parte I – Percussão”.

17h30 às 20h30 – Oficina – “Parte II – Dança”.

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