Os venezuelanos constituem grande parte dos migrantes interceptados pela patrulha americana na fronteira com o México nos últimos meses
Os Estados Unidos anunciaram, nesta quinta-feira, que chegaram a um acordo com o governo do presidente Nicolás Maduro para a “repatriação direta” de venezuelanos ao seu país. Os venezuelanos constituem grande parte dos migrantes interceptados pela patrulha na fronteira com o México nos últimos meses.
“Já identificamos as pessoas sob custódia, que serão expulsas rapidamente nos próximos dias”, disse um funcionário americano, que pediu anonimato, em uma coletiva de imprensa por telefone. “Todas essas pessoas passaram pelo nosso sistema migratório americano e não conseguiram demonstrar que têm uma base legal para permanecer nos Estados Unidos”, acrescentou.
O funcionário não quis entrar em detalhes sobre as negociações com o governo de Maduro, sujeito a sanções de Washington, que considera fraudulenta sua reeleição em 2018.
Em um comunicado, Maduro anunciou que “assinou um acordo” que permite “a repatriação ordenada, segura e legal de cidadãos venezuelanos dos Estados Unidos pelo programa ‘Volta à Pátria'”.
Em relação às sanções americanas, Caracas atribui a migração à “aplicação de medidas coercitivas unilaterais e ao bloqueio” da economia.
Há algum tempo, o governo dos Estados Unidos tem se mostrado disposto a aliviar de maneira progressiva as sanções financeiras que impôs ao país, caso acordos sejam alcançados entre Maduro e a oposição para as eleições previstas no próximo ano. Washington exige que as eleições, nas quais Maduro busca a reeleição, sejam “livres e justas”.
Os Estados Unidos expulsarão os migrantes venezuelanos que chegaram depois de 31 de julho, porque aqueles que entraram antes dessa data podem se beneficiar do amparo migratório que permite que quase meio milhão deles obtenham uma autorização de residência e trabalho por 18 meses.
Muitos migrantes em situação ilegal viajam pelas rodovias do México tentando chegar à fronteira com os Estados Unidos para buscar abrigo, ou atravessá-la de forma irregular. A maioria viaja clandestinamente, escondida em caminhões de carga, em condições de superlotação e submetida a maus-tratos nas mãos de “polleros”, como são conhecidos os traficantes de pessoas.
No início de agosto, pelo menos 18 pessoas morreram, e outras 23 ficaram feridas, depois que um ônibus que transportava migrantes caiu em um barranco no estado de Nayarit, no noroeste do país.