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“Está afastada essa possibilidade de racionamento no DF ”

“Está afastada essa possibilidade de racionamento no DF ”

Antes mesmo do prazo determinado pela Lei Federal nº14.026/2020, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) já alcançou a meta nacional de atender 99% da população do DF com água potável e 90% com esgoto coletado e tratado. O resultado é fruto do investimento do Governo do Distrito Federal (GDF) em saneamento básico e, consequentemente, com a saúde populacional. Só neste ano, foram cerca de R$ 84 milhões aplicados em obras de melhorias e modernização dos sistemas de abastecimento de água e tratamento de esgoto.

Em entrevista à Agência Brasília, o presidente da Caesb, Pedro Cardoso, destaca o impacto que o reservatório de Corumbá IV terá no sistema de abastecimento de água do DF. A obra está próxima da conclusão e recebeu investimento de R$ 311 milhões do GDF, via Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além disso, ele também ressalta os esforços que a empresa faz para incentivar o uso consciente da água no DF; destaca a importância das obras de setorização para o melhor controle da distribuição hídrica e rechaça a possibilidade de racionamento de água.

Confira os principais trechos da entrevista

Como a Caesb está trabalhando a questão do desperdício de água?
Uma das metas da Caesb é a redução de perdas, e por isso estamos implementando obras de setorização em cidades como Sobradinho, Sobradinho II, Planaltina, Ceilândia, inclusive com trocas de ramais. Qual é o princípio da setorização? Criar pequenas regiões, com uma entrada e uma saída, para medir vazão e pressão e assim, na própria operação, não tenha perdas. É a otimização e aplicação de conceitos hidráulicos para que tenhamos uma entrega de água na pressão adequada, estabelecida nas normas técnicas. Com isso, evitamos os rompimentos de redes por sobrecarga de pressão. Já investimos em torno de R$ 60 milhões nas obras de setorização.

Há possibilidade de levar essas obras a outras regiões do DF?
Sim, pretendemos entregar setorização em todas as cidades que apresentarem os maiores índices de perdas. Também vamos fazer obras em algumas áreas de Taguatinga e do Guará. A setorização é muito importante pois, além de garantir a entrega adequada, ajuda a monitorar o uso irregular e o rompimento de redes.

O que a Caesb faz para incentivar o uso racional da água?
Temos campanhas institucionais com esse objetivo, informamos as pessoa sobre estabelecer critérios para as maiores demandas diárias, e também sobre o descarte de materiais na nossa rede que implica em custos para a empresa, como o óleo de cozinha e outros derivados. Estamos sempre desestimulando o uso irracional da água. A gente produz água potável, por isso sempre orientamos que seja consumida com moderação. A água é um bem findável e, quanto mais racional for o uso, menos risco nós teremos de crises nos picos de seca.

O que está sendo feito para cumprir-se a lei sobre individualização dos hidrômetros?
É uma lei de 2005 que estabeleceu às edificações verticais a obrigatoriedade da individualização [dos hidrômetros]. Temos um link no site da Caesb onde o empreendedor ou interessado entra com um pedido de autorização, apresenta um projeto com responsável técnico, e a partir daí a Caesb executa. Também damos todas as orientações, realizamos as vistorias, fazemos palestras em alguns condomínios, nas quais conversamos com os síndicos. Estamos com uma alta taxa de individualização dos hidrômetros, mas ainda temos dificuldade em alguns condomínios e na hotelaria, mas são algumas peculiaridades.

Como estão as obras do reservatório de Corumbá IV?
A previsão é de que, até dezembro, já esteja em funcionamento. Estive recentemente em um evento com o presidente da Saneago [Companhia Saneamento de Goiás] e ele me informou que, até o fim de outubro, já estariam com a licença ambiental e a ligação de energia elétrica para serem feitos os testes e comissionamento de bombas na captação. O consórcio inicia-se com 2.800L/s, a Caesb fica com metade disso. Quando esse volume de água chegar aqui em Brasília, a ideia é abastecer os nossos dois maiores sistemas: o Descoberto e o Santa Maria/Torto. Essa interligação é uma segurança hídrica pelos próximos 30 anos para o DF. Estamos também elaborando estudos técnicos para que possamos, com a água de Corumbá, atendermos uma área cuja captação está no limite, que é a de São Sebastião, por conta do Mangueiral, expansão do Mangueiral, Alto Mangueiral, Crixás, os condomínios e a região do Tororó.

A pandemia ocasionou um maior consumo de água no DF?
O consumo residencial apresentou um aumento, enquanto o comercial caiu, por causa do fechamento dos estabelecimentos. Tivemos uma adequação a esta nova realidade, mas em termos de consumo, a alteração se compensou.

Existe a possibilidade de racionamento de água no DF?
Está afastada essa possibilidade de racionamento no DF por algumas questões. Embora o regime de chuvas não tenha sido longo, ele foi muito concentrado em fevereiro e março, o que possibilitou que nossos reservatórios ficassem cheios e hoje, quase no fim do período de estiagem, apresentam níveis satisfatórios. Temos reserva hídrica para esse enfrentamento. Quais são os pontos sensíveis? Seriam São Sebastião, Planaltina e Brazlândia, pois são sistemas isolados. Os dois últimos ainda têm o diferencial de serem regiões de intensa produção agrícola, com o uso de irrigação. Esse ano conseguimos modular, junto com a Adasa [Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do DF] para atuarmos de forma satisfatória.

Quem faz o controle do volume de água dos reservatórios?
A própria Caesb, com o acompanhamento da Adasa. Qual o planejamento da Caesb, quando uma região é regularizada, para levar infraestrutura de água e saneamento? Nós fazemos um acompanhamento das Aris [Área de Regularização de Interesse Social] e Arine [Áreas de Regularização de Interesse Específico] e buscamos o atendimento delas. Uma vez o governo reconhecendo a regularização, fazemos projetos para levar água e captar o esgoto daqueles locais. Algumas são de uma relativa complexidade, por estarem em área de proteção ambiental, já tivemos casos em que o próprio Ministério Público não permitiu a instalação de redes de esgoto até a solução definitiva. A atuação da Caesb busca atender a lei e o cidadão, porque nossa missão aqui é essa: captar água no meio ambiente, tratá-la e levar para os lares, recolher o esgoto e devolvê-lo nas melhores condições ao meio ambiente.

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