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Em nova crítica a lockdown, Bolsonaro diz que ‘Forças Armadas podem ir às ruas’ se restrições provocarem caos

‘Se eu decretar isso vai ser cumprido’, afirmou o presidente, que desde o início da pandemia se mostra contrário a medidas adotadas por governadores e prefeitos para conter o coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro chega para cerimônia no Clube do Exército Foto: Marcos Corrêa/Presidência

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que as Forças Armadas poderão ir às ruas para garantir a ordem no país caso a política de medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores contra a Covid-19 promova o que chamou de “caos”. Em entrevista concedida à “TV Crítica”, do Amazonas, Bolsonaro afirmou que, se preciso, o Exército será convocado para “restabelecer todo o artigo 5º da Constituição”, que faz referência aos direitos individuais da população, como o de ir e vir ou a liberdade religiosa.

Na visão do presidente, as medidas que promovem o distanciamento social, como o fechamento do comércio, estariam descumprindo a Constituição, que garante as liberdades para o cidadão. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu o aval, desde abril do ano passado, para que governantes locais adotassem medidas restritivas durante a pandemia.

Mais cedo, em vídeo, o novo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, havia afirmado que a instituição é um “vetor de estabilidade”, em sua primeira fala pública desde que assumiu o posto.

— O nosso Exército, se precisar, iremos para as ruas não para manter o povo dentro de casa mas para restabelecer todo o artigo 5 da Constituição. E se eu decretar isso vai ser cumprido esse decreto. As Forças Armadas podem ir para a rua sim. Para fazer valer o artigo 5, direito de ir e vir, direito ao trabalho, liberdade religiosa, de culto, para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores, prefeitos — afirmou Bolsonaro.

Em 12 de abril, nas suas redes sociais, o presidente já tinha feito uma referência ao que chama de “caos”. Na ocasião, afirmou que “cada vez mais a população está ficando sem emprego, renda e meios de sobrevivência… O caos bate na porta dos brasileiros. Pergunte o que cada um de nós poderá fazer pelo Brasil e sua liberdade e… prepare-se”.

Durante a entrevista nesta sexta-feira, Bolsonaro afirmou que, caso ocorra problemas com as políticas de quarentena, tem o plano de “como entrar em campo.”

— Agora, eu não posso extrapolar. Isso que alguns querem, que extrapole. Estou junto com os 23 ministros, da Damares ao Braga Netto, praticamente conversado sobre isso daí: o que fazer se um caos generalizado se implantar no Brasil. Pela fome, pela maneira covarde que alguns querem impor essas medidas restritivas para o povo ficar dentro de casa. O caldo não entornou ano passado em função do auxílio emergencial — afirmou.

O presidente afirmou, entretanto, que não podia manter o auxílio emergencial em R$ 600, valor que foi pago até o ano passado, em razão do endividamento crescente da máquina pública. Ao final da entrevista, Bolsonaro repetiu que as medidas restritivas têm violado o artigo 5º da Constituição.

— Isso tem prejudicado a família brasileira. O número de suicídio tem aumentado, o desespero… Vamos temer o vírus, mas o desemprego não pode ser abandonado — disse.

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