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Em nova corrida espacial, países e empresas lançam missões a Lua e Marte

Em uma indústria avaliada em quase 360 bilhões de dólares globalmente, vale tudo para chegar na frente?

Marte (nemchinowa/Getty Images)

Há 51 anos, o homem pisou na Lua pela primeira vez. À época, a briga espacial era entre a União Soviética e os Estados Unidos. Ninguém era capaz de prever que, em 2020, a corrida ganharia outros contornos, outros integrantes e, principalmente, outros destinos. Em 1969 a briga era pela Lua. Agora, os países querem o espaço inteiro.

Somente neste ano, duas viagens espaciais já aconteceram. A primeira, realizada pela agência espacial americana Nasa em uma iniciativa inédita ao lado de uma empresa privada, a SpaceX, de Elon Musk, levou dois astronautas à Estação Espacial Internacional no dia 30 de maio. Os americanos Bob Behnken e Doug Hurley devem voltar à Terra no dia dois de agosto.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, deixar que as empresas privadas arquem com a maioria dos custos de uma viagem espacial pode ajudar a diminuir os gastos do governo. Na semana passada, a Nasa anunciou um acordo com a companhia americana Virgin Galactic, do Grupo Virgin, para privatizar os treinos de astronautas.

Já a segunda traça os planos ambiciosos dos Emirados Árabes Unidos de se tornarem uma potência além do petróleo e enviou uma espaçonave para Marte a fim de entender o clima e coletar outras informações sobre o planeta vermelho. A China também pretende enviar um veículo a Marte ainda neste mês, o que deve acirrar ainda mais a briga por um lugar ao céu.

Em uma indústria avaliada em quase 360 bilhões de dólares globalmente, segundo a empresa Bryce Space and Technology, que analisa o setor espacial, vale tudo para chegar na frente?

A Nasa, a Lua, Marte e tudo que há no meio

Outros lançamentos não tiveram a mesma sorte.

Foi o caso do rover da Nasa, o Perseverance (perseverança, na tradução para o português), que estava previsto para ser lançado neste mês e teve de ser adiado por conta de um problema no foguete Atlas V, que faria o lançamento. A ideia da agência era que o rover descobrisse a existência de vida no planeta e coletasse outras informações sobre ele, como fazer a coleta de pedras que poderão ser as primeiras a voltar para a Terra.

Essa foi a terceira vez que o evento foi adiado: a primeira foi do dia 17 para 20 de julho, depois do dia 20 para o dia 22 e, finalmente, para o dia 30 de julho. Com todos os problemas, o custo previsto para a missão aumentou para 2,7 bilhões de dólares, o que estourou o orçamento em cerca de 360 milhões de dólares.

Mas o que são os rovers? Eles são espécies menores de veículos espaciais equipados com instrumentos para realizar a exploração dos ambientes dos planetas. Se der certo, este será o quinto a ser colocado em terras marcianas pela agência americana — e também o mais poderoso.

Se tudo der errado, a Nasa só poderá tentar fazer o lançamento novamente em 2022. Isso porque as missões espaciais rumo a Marte têm um período curto para o envio das naves por dois anos, que ocorre quando o planeta se aproxima da Terra em órbita ao redor do Sol.

Resta saber se os Estados Unidos terão a mesma sorte em Marte que tiveram na Lua.

Musk e Marte: uma dupla conhecida

Musk, em 2016, confirmou seus desejos de um dia colonizar Marte e enviar cerca de 1 milhão de pessoas para lá até 2050, com direito até a criação de empregos. A esperança dele é construir 1.000 espaçonaves em dez anos — o que daria uma quantidade de 100 construções por ano. Cada uma delas poderia levar, em média, 100 pessoas. A meta da SpaceX é pousar o primeiro foguete em Marte já em 2022. Em 2024, a ideia da empresa é ter uma missão tripulada para chegar até lá.

No ano passado, Musk afirmou que o custo para se mudar para Marte estaria em torno de 500.000 dólares (mais de 2 milhões de reais na cotação atual) ou “até mais barato” e abaixo de 100.000 dólares (cerca de 537.000 reais). Se a pessoa optar por se mudar de volta à Terra, o bilhete será gratuito. Um bônus para a carteira se tudo der errado no planeta vermelho.

Segundo o site da SpaceX, são vários os motivos para tentar povoar Marte. “O planeta, com uma distância média de 2,25 milhões de quilômetros da Terra, é um dos nossos vizinhos mais próximos”, diz o site. “A gravidade em Marte está em torno de 38% da gravidade da Terra, então você seria capaz de levantar coisas pesadas e pular por aí. Além do mais, a duração do dia é parecida com a da Terra.” Por lá, os dias duram 24 horas e 37 minutos. O que você faria com quase 40 minutos a a mais no seu dia?

Negócio da China: dessa vez no espaço

Marte parece ser uma tendência para 2020, exatamente por sua proximidade com a Terra. E isso não passaria batido pela China, que pretende lançar uma missão chamada de Tianwen-1, que significa “busca pela verdade celestial”, também no final deste mês. O objetivo dos chineses é realizar um levantamento da atmosfera do planeta e descobrir se existe água potável ou sinais de vida no local e a missão deve chegar em Marte em fevereiro do ano que vem.

Esse seria um passo importante para a China, que tentou mandar um orbitador para o planeta em 2011, a bordo de uma espaçonave russa, mas tudo deu errado e as sondas desapareceram sem deixar vestígios. Em 2013, conseguiu, com sucesso, pousar uma espaçonave na Lua e em janeiro do ano passado foi o primeiro país do mundo a alunar uma sonda no lado mais afastado do satélite.

A Índia também quer a Lua

Em novembro deste ano, os indianos devem enviar mais uma missão para a Lua, a Chandrayaan-3. Em julho de 2019, sua sucessora, a Chandrayaan-2, tentou pousar na superfície lunar, mas passou por um acidente e teve problemas de comunicação com a Terra.

A Índia, que tem uma espécie de Nasa indiana, a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, na sigla em inglês), tem mais de 500 grandes e pequenas empresas voltadas ao espaço, mas nenhuma delas é madura o suficiente para colocar o desenvolvimento espacial do país em outro patamar.

O orçamento da agência para 2020 e 2021 é de 13,5 milhões de rúpias (cerca de 179.000 dólares na cotação atual, ou 968.000 reais) — um orçamento 7,5% maior do que no ano passado e 45,2% maior do que em 2016, ainda assim bem longe dos padrões de outros países, mas indica o foco da Índia no espaço.

Todas as expectativas da Índia, então, estão voltadas para o lançamento de novembro.

Bezos além da Amazon

Em abril deste ano, a empresa Blue Origin, de Jeff Bezos, homem mais rico do mundo e CEO da Amazon, recebeu o prêmio mais alto da Nasa, de 579 milhões de dólares, para levar astronautas à Lua.

A empresa ainda não fez nenhum lançamento, mas tem ambições parecidas com a SpaceX de Musk e tem metas de lançar seu foguete até a órbita da Terra, batizado de “New Glenn“, em 2021.

Assista no Examinando: será que o homem vai dominar o espaço?

 

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