Presidente afirmou que manifestações negativas, como a que ocorreu no 1º de Maio, quando prestou solidariedade às vítimas do incêndio em São Paulo, não interferem em decisões que pretende tomar
Na primeira entrevista exclusiva aos veículos da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) desde que assumiu o governo, o presidente Michel Temer afirmou que manifestações negativas, como a que ocorreu no 1º de Maio, quando prestou solidariedade às vítimas do incêndio em São Paulo, não interferem em decisões que pretende tomar.
Na ocasião, houve agressões verbais contra o presidente. “Eu achei que seria falta de autoridade eu não comparecer [ao local onde o prédio desabou]. Lamento, mas tenho de enfrentar”, disse.
Questionado se a reação negativa de alguns presentes não afetaria sua intenção de disputar as eleições de outubro, o presidente foi claro: “Não seria este fato que me faria desistir da reeleição”. Temer acrescentou que tem até julho para decidir.
Temer recebeu a equipe da EBC na biblioteca do Palácio da Alvorada. A íntegra da entrevista poderá ser acessada na Agência Brasil e nos demais veículos da EBC.
Por quase uma hora, foram abordadas questões sobre economia, reeleição, programas sociais, alternativas para incentivar a criação de empregos e a geração de renda.
Sobre a situação dos venezuelanos, Temer avisou que o Brasil se manterá aberto aos imigrantes, porque a política de acolhimento faz parte da história do país.
Também analisou os impactos da Operação Lava-Jato, das delações premiadas e dos vazamentos de informações sigilosas.
Eventual terceira denúncia é campanha oposicionista e mera hipótese
O presidente classificou a eventual terceira denúncia que possa ser feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra ele como uma “campanha oposicionista, mera hipótese”. Temer afirmou que as duas denúncias iniciais já feitas eram “tão pífias que o Congresso impediu que elas prosperassem”.
“Essa (suposta terceira denúncia) seria mais pífia, de menor dimensão que as anteriores. Há apenas uma campanha deliberada para tentar enfraquecer o governo”, afirmou o presidente.
Questionado se seria possível tratar da deposição de um presidente a apenas cinco meses antes do fim do mandato, Temer afirmou: “Se resistimos até hoje, não seria agora, faltando cinco meses.”
Estratégias para geração de emprego
Temer detalhou algumas estratégias que serão adotadas para geração de emprego e melhoria da área social.
Ainda este mês, ele disse que o governo deve autorizar o uso dos lucros dos empréstimos da Caixa Econômica Federal para construção de 150 mil casas populares e para repasses a prefeituras por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), como garantia para obtenção de novos empréstimos.
Temer afirmou que a medida vai gerar emprego, por meio da construção civil, e renda. Atento aos números do desemprego no país, o presidente desabafou: “Não há coisa mais indignante do que os dados do desemprego”.
Recuperação das estatais
O presidente comemorou o saneamento das contas das empresas estatais, como a Petrobras e o Banco do Brasil. Temer ressaltou que, em ambos os casos, o reflexo é imediato no impacto positivo nas ações das companhias. Temer citou ainda que uma das medidas importantes adotadas pelo governo foi a definição de excluir políticos no exercício de suas funções (com mandato) de cargos técnicos nas estatais.
Resultado de intervenção “não é de um dia para o outro”
Após dois meses do decreto de intervenção federal no Rio, o presidente Michel Temer afirmou que agora é que a operação começa a dar resultados. Com a experiência de quem foi secretário de Segurança Pública de São Paulo por duas vezes, ele disse que essas ações costumam levar tempo para apresentar resultados.
Temer rebateu a expressão “intervenção militar”. “Eu designei um general para comandar a intervenção, mas ele comanda com a Polícia Civil e a Polícia Militar do Rio.”
Para o presidente, os números que indicam aumento de homicídios e chacinas podem ser um reflexo da reação do crime organizado à intervenção. Temer sinalizou que não pensa em replicar o modelo de intervenção em outras regiões do país. “Nós vamos coordenar e integrar a segurança em todo país.”
‘Sistema de indicação no STF deveria mudar’
Em meio às polêmicas e a falta de consenso sobre determinados temas entre os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer sugeriu que se retome a discussão sobre a formação e indicação de nomes para compor a Corte.
Quando participou da Constituinte, Temer defendeu a proposta de um total de nove ministros – três sugestões de cada um dos Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) – com mandatos de 12 anos e possibilidade de renovação.
“É um modelo saudável, porque contempla os Poderes do Estado. Acho que seria útil.” Pela Constituição, apenas o presidente da República indica os integrantes da Corte e o cargo é vitalício até 75 anos.