Andamos de lado e para trás há muito tempo. Somos mestres em não aprender com os nossos erros e, como disse Pedro Malan, no Brasil até o passado é incerto
Seja Trump ou Biden em novembro, seguiremos com o PIB inferior ao valor de mercado da Apple. Sim, uma única empresa americana vale mais que tudo o que é produzido aqui em um ano. É para pensar!
Apesar do embate ideológico, da cultura de cancelamento e da gritaria, os americanos sabem para onde vão e como. Aliás, sempre souberam o que queriam ser quando crescessem. Eles acreditam na excepcionalidade do experimento americano iniciado em 1776.
Essa excepcionalidade reflete a crença que o sistema americano, de alguma forma, é capaz de encontrar uma solução, muitas vezes disruptiva e até com grande dose de destruição criadora.
O experimento iniciado pelos pais da revolução sempre encontra uma solução independente do desafio. Jefferson, Franklin, Hamilton e companhia desenharam um organismo capaz de se reinventar de maneira a impulsionar o projeto inicial e manter acesa a chama e a crença no mesmo.
A solução sempre veio – e virá – com trabalho árduo, criatividade, inovação e até uma guerra, caso as forças reacionárias resistam ao avanço do experimento.
E nós? Andamos de lado e para trás há muito tempo, na tentativa de uma fórmula errada finalmente produzir uma solução correta. Somos mestres em não aprender com os nossos erros e, como disse o ex-ministro Pedro Malan, no Brasil até o passado é incerto. Se necessário, moldamos o passado, criamos uma nova narrativa para reincidir no erro.
A nossa excepcionalidade se encontra, por outro lado, em buscar soluções já testadas, que não funcionaram nem aqui nem em lugar algum, que por obra do suposto Redentor verde amarelo, finalmente teria sucesso.
Somos a terra do gradualismo que garante a mediocridade, a negação da meritocracia, o assistencialismo que avilta o espírito; que cria a dependência e a descrença no esforço individual. A terra dos privilégios e oligopólios, que começaram com as capitanias hereditárias e se firmaram com a corte portuguesa que aqui chegou em 1808 e criou uma burocracia parasita e desconectada dos reais interesses da nação.
Cavamos lentamente o caminho para a irrelevância e os números são imensas bandeiras vermelhas a indicar a direção errada. A Apple é maior que o Brasil, somos menores que iPhones e iPads, apesar do imenso mercado, das riquezas, blá blá blá.
Correntes políticas divergem sobre o destino, o caminho, o veículo e a velocidade onde se quer chegar. É do jogo democrático. Por isso a democracia pressupõe oportunidades para rever o plano, o mapa e os pilotos.
Nosso problema maior é que não sabemos onde queremos chegar e nossa forma de ir é sempre errada. Descremos e desconfiamos do nosso sistema. Temos a cultura da transgressão, do desrespeito às regras, da lei para os outros apenas. Os economistas nos ensinam que nos sistemas em que há grande dose de desconfiança, os custos de transação são imensos e a ineficiência é grande.
“É a cultura, estúpido! ” – Diria um especialista em marketing político. Não existe mudança de cultura sem rupturas.