Roberto Campos Netto disse que reservas cambiais estão saudáveis e que autarquia poderia atuar “até onde for necessário”
O dólar recua frente ao real, nesta quinta-feira, 21, após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar que a autarquia pode aumentar a atuação no mercado de câmbio. As declarações foram feitas na noite de ontem, em live da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Às 10h, o dólar comercial caía 1,1% e era vendido por 5,628 reais. O dólar turismo, menos líquido, sobe 0,3%, cotado a 5,95 reais.
No evento virtual, Campos Netto disse que as reservas brasileiras estão saudáveis e que a autarquia poderia usá-las “até onde for necessário”.
Em um dia negativo para ativos de risco, que sofrem com a crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos, Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, vê as declarações do presidente do BC como o principal gatilho para o fortalecimento do real neste pregão.
“O especulador, na hora de montar posição em dólar, pensa duas vezes com receio de que o BC faça intervenções na moeda. Então, eles começam a desmontar posições”, disse.
Entre as principais divisas emergentes, o real é a que mais se valoriza nesta quinta. Assim como tem feito nas últimas sessões, o BC voltará a fazer oferta de swap cambial. Hoje, o leilão programado será de até 12 mil contratos de swap. Na última sessão, o dólar caiu 1,2%, com os investidores otimistas com a reabertura das principais economias do mundo, em especial a americana.
No cenário externo, os investidores repercutem a escalda de tensões sino-americanas. Ontem, o presidente Donald Trump voltou a usar sua página do Twitter para acusar a China de ser responsável pela pandemia do coronavírus covid-19. Trump também acusou a China de fazer uma campanha de desinformação para favorecer seu concorrente, o democrata Joe Biden, na corrida pela Casa Branca.
Em mais um sinal de agravamento da disputa comercial entre os dois países, o Senado americano passou uma lei que pode excluir empresas chinesas de bolsas americanas por nãos seguirem as leis de valores mobiliários dos Estados Unidos.
Por aqui, as atenções estão voltadas para a reunião do presidente Jair Bolsonaro com governadores. Segundo Ruik, o mercado espera que o presidente direcione a conversa para tentar impedir aumento de salários por parte dos entes federativos. “Se autorizar o aumento para o funcionalismo ele estará indo contra o Paulo Guedes.”