Nutricionista dá sua opinião sobre o programa alimentar e revela os alimentos proibidos
A reeducação alimentar é a chave para um corpo e uma vida saudáveis. Mas quanto tempo leva para você se habituar a um novo estilo de vida? Uma nova dieta que tem feito muito sucesso nos Estados Unidos promete fazer essa mudança em apenas 30 dias, é a chamada WHOLE 30. Conheça mais sobre ela e veja se você encara o desafio!
O método foi criado há sete anos pela nutricionista esportiva MELISSA HARTWIG e o médico funcional DALLAS HARTWIG, mas apenas em 2015 lançaram o livro “WHOLE30 – 30 DIAS PARA MUDAR” (já traduzido para o português pela EDITORA SEXTANTE). O objetivo é identificar os possíveis agentes inflamadores das suas células, capazes de prejudicar sua saúde. Como? Ingerindo durante esse período, alimentos que sejam os mais naturais possíveis. Sendo assim, industrializados e até alguns naturais que possam causar alergia estão cortados da lista, como queijos, açúcar, iogurte e até grãos. O famoso “dia do lixo” também não é permitido, para evitar furos nos resultados.
UMA VISÃO POSITIVA
Para saber mais, o DAQUIDALI conversou com a NUTRICIONISTA MARCELLA AMMIRABILE, da Clínica e Esportiva Funcional da Clínica Nutreecare, que já leu o livro, e comenta com propriedade esse plano alimentar. “De um modo geral o programa é bem bacana. Atualmente, que as pessoas esqueceram o que é se alimentar e se nutrir, e comem apenas produtos e alimentos sem qualidade nutricional e pouco saudáveis, É UMA FORMA DE SE CONECTAR COM O QUE TRARÁ ENERGIA E SAÚDE AO SEU CORPO. Ao meu ver, é uma ótima chance das pessoas resgatarem hábitos de vida, se sentirem plenas, sem inflamações, saudáveis e com mais vitalidade”, diz ela, que ainda lembra: “a última coisa que se deve ter em mente ao iniciar esses 30 dias, é EMAGRECIMENTO, pois essa será uma consequência de boas escolhas alimentares”.
O QUE EVITAR DURANTE ESSES 30 DIAS?
LEITE E DERIVADOS
De acordo com a profissional, “o leite possui proteínas potencialmente inflamatórias (como a caseína e beta lactoglobolina, por exemplo), algumas delas nem somos capazes de digerir completamente. Essas partículas não digeridas e grandes demais acabam ferindo a mucosa (parede) intestinal, o que deixa uma porta de entrada ao organismo. Isso gera uma inflamação e A CONSEQUÊNCIA É NOS DEIXAR MENOS DISPOSTOS, COM ALGUMAS DORES INEXPLICÁVEIS (principalmente dor de cabeça e articulações), INCHAÇO DE PÉS, PERNAS E MÃOS. Excluir os alimentos potencialmente inflamatórios por um período mais longo, dá um fôlego ao organismo, e quando chega a hora da reintrodução fica mais fácil perceber os sinais que o corpo nos manda”.
AÇÚCAR, ADOÇANTES E MEL
Açúcares, adoçantes e qualquer outro alimento utilizado para adoçar, acabam aumentando a glicemia e a secreção de insulina (hormônio responsável por captar esse açúcar circulante e distribuí-lo ou armazená-lo na forma de gordura). “Isso gera um ciclo de prazer e dependência, pois quando a glicemia cai, SINAIS DE FOME E VONTADE POR MAIS ALIMENTOS DOCES SÃO ENVIADOS, E DIFICILMENTE DEIXAMOS PASSAR”, explica a especialista.
Quanto aos adoçantes, eles também geram essa sensação de prazer e recompensa, “e ao trocarmos o açúcar por eles, estamos apenas tapando o sol com a peneira, e ingerindo produtos alimentícios sem valor nutricional. O método do programa de não permitir nem adoçantes naturais ou alimentos como as tâmaras para a fabricação de bolos ou panquecas é muito inteligente, POIS IRÁ EXCLUIR O HÁBITO E MOSTRAR OUTRAS FORMAS DE SE ALIMENTAR, sempre pensando na integridade nutricional de cada refeição”, destaca a nutricionista.
LEGUMINOSAS
Deixe de lado exemplos como o feijão, a lentilha, a ervilha, a fava, o grão de bico, mas pode ingerir o broto de feijão e a vagem, que são ricos nutricionalmente. Ficou chocada? Calma, Marcella te explica porque elas estão fora do cardápio por esse período. “As leguminosas, assim como os cereais, contêm antinutrientes, substâncias presentes principalmente nas cascas, QUE IMPEDEM OU DIFICULTAM A ABSORÇÃO DE VITAMINAS E MINERAIS. Outro ponto importante é que elas podem fermentar e afetar de forma negativa as bactérias do intestino, destruindo mais uma vez a flora, ou desequilibrando o meio. A SOJA também entra nessa categoria e está proibida durante os 30 dias, porque pode desencadear uma ação hormonal descontrolada e não necessária, capaz de inflamar e dar um start em produções celulares desenfreadas. Como esse programa tem como objetivo recuperá-lo com alimentos saudáveis, restringir qualquer um que possa desequilibrá-lo faz sentido. O PRINCIPAL É MELHORAR A DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES”.
CEREAIS
Os cereais como ARROZ, QUINOA, CENTEIO, CEVADA, SORGO, MILHO, TRIGO, também são deixados de lado nesse programa, porque, assim como as leguminosas, alguns deles costumam fermentar e dificultar a digestão e absorção. Além disso, também contêm em suas cascas, antinutrientes, que impedem a absorção dos nutrientes contidos no grão caso não sejam cozidos e preparados de forma adequada.
De acordo com Marcella, “esses cereais também podem desencadear uma certa compulsão, FAZENDO COM QUE AS PESSOAS SINTAM UMA NECESSIDADE DE COMER MAIS E MAIS, principalmente quando foram refinados (brancos). Se isso ocorrer o valor calórico da dieta aumentará exponencialmente, e pode ser que o excesso de energia não necessária seja armazenada no corpo na forma de gordura, tornando o ambiente mais inflamatório. Outro fator que nos leva a deixar esse grupo de lado por um tempo, é a presença de uma proteína potencialmente inflamatória, o GLÚTEN, que assim como algumas do leite, pode não ser digerida totalmente, ferindo a barreira intestinal”.
Mas não pense que se não ingerir os cereais você deixará de ter energia, “pois estão liberados nesse período as raízes e tubérculos, como INHAME, ABÓBORA, BATATA DOCE E OS LEGUMES”, exemplifica a profisisonal.
ÁLCOOL
As bebidas alcoólicas não devem ser parte de uma rotina saudável, portanto não é nenhuma surpresa fazer parte da lista dos proibidões. “O álcool dificulta o processo digestivo de várias formas: a primeira é que aumenta a permeabilidade intestinal, deixando a barreira aberta. ISSO NOS INFLAMA E ATIVA O SISTEMA IMUNOLÓGICO, NOS DEIXANDO MAIS LETÁRGICOS E CANSADOS. A segunda é que ele é metabolizado pelo fígado, logo, altas doses ou a frequência no consumo a longo prazo dificultam o funcionamento desse órgão, responsável também pela metabolização de diversos nutrientes e medicamentos, levando a desordens como hepatite e cirrose. Por se tratar de uma droga neurotóxica, também nos influencia de maneira negativa, E NOS FAZ AGIR SEM CONTROLE ALGUM, ELEVANDO O CONSUMO DE CARBOIDRATOS E FRITURAS. Além disso, o álcool é sintetizado e transformado em energia (açúcar), elevando a glicemia e o valor calórico da dieta”. Que medo da caipirinha, agora.