Alexandre Sousa, de São Carlos, busca o tratamento com células-tronco.
‘Eu não quero mais viver de insulina’, justifica ele, que não sente mais os pés.
O intérprete de libras Alexandre Moreira, de 47 anos, iniciou na manhã desta terça-feira (30) um percurso de 244 km de luta. Diabético há 18 anos, ele decidiu ir caminhando de São Carlos (SP) a São Paulo para entregar uma carta ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pedir ajuda. Ele quer ser submetido ao procedimento com células-tronco que, em alguns casos, tem resultado na cura da diabetes e se ver livre de medicamentos.
“Eu não quero mais viver de insulina, não quero”, contou na Rodovia Washington Luís (SP-310), seu ponto de partida. Prestes a iniciar a jornada, disse que tem consciência dos riscos e tem medo, mas também tem fé.
“Eu tenho certeza que vou conseguir. Eu vou fazer esse manifesto a pé, até lá, para poder conseguir isso”, afirmou ele, que torce para que as pessoas se solidarizem com sua causa e o ajudem no percurso de quatro dias, para o qual separou apenas o dinheiro para a passagem de volta, roupas, produtos de higiene pessoal e biscoitos. “Não sei se eu vou comer amanhã, não sei se eu vou jantar à noite”, revelou.
Sousa também afirmou que pretende parar em postos para ir ao banheiro e que está recebendo ajuda da Polícia Rodoviária. Sabe que, sozinho e com as limitações da doença, seria difícil conseguir. “Eu não sinto mais os pés, piso e não sinto, já estou com a vista esquerda embaçada, fico tonto por falta de comida, às vezes ela cai muito e às vezes ela sobe muito”.
Procedimento
Pesquisadores de Ribeirão Preto vêm obtendo resultados animadores com pesquisas com células-tronco, mas, segundo Alexandre, é difícil entrar na lista de pacientes e por isso ele decidiu pedir auxílio no Palácio dos Bandeirantes.
“Eu quero mostrar que eu posso, então eu vou até São Paulo para entregar essa carta para dizer: ‘Governador, eu quero a cura'”, afirmou.
Segundo o Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, o tratamento com células-tronco ainda está em fase de pesquisas e é voltado para recém-diagnosticados. Para casos mais antigos, como o de Moreira, os estudos estão na fase inicial e ainda não há avanços comprovados.