ONG Pequenos Corações estima número de 70 crianças na fila de espera. Instituto de Cardiologia diz que são feitas 18 cirurgias em crianças ao mês.
O Instituto de Cardiologia do Distrito Federal tem 11 crianças aguardando por uma vaga em um dos oito leitos de UTI para cirurgias cardíacas de grande porte. A ONG Pequenos Corações estima que há 70 crianças esperando um leito para fazer um procedimento imediato no coração. A entidade estima que a demora para conseguir uma vaga prejudica a saúde dos pequenos.
O Instituto de Cardiologia diz que, por mês, são feitas em média 74 cirurgias cardíacas (pacientes encaminhados via regulação), sendo 56 procedimentos em adulto e 18 em crianças. O ICDF já realizou mais de 6 mil cirurgias cardíacas desde 2009 (4,7 mil em adultos e 1,3 mil em crianças).
Uma das crianças é Lucas Alves de Jesus, de 6 meses, que tem síndrome de Down e precisava operar até a idade atual. Ele está internado há quase 20 dias em Ceilândia. A mãe teve de procurar a Justiça para conseguir uma vaga. Segundo a Secretaria de Saúde, ele já está na lista de transferência para o Instituto de Cardiologia desde 27 de outubro.
“Ele já descompensou depois que chegou aqui. Tem que ser feita a cirurgia o mais rápido possível, ele pode passar mal a qualquer hora. E a gente já entrou na Defensoria Pública e está aguardando o resultado. A gente precisa dessa cirurgia o mais rápido possível”, disse a mãe do pequeno, Claudionora Gonçalves.
“Eu costumo dizer que falta decisão, de admitir que o número é insuficiente e que se precisa tomar uma atitude. É pegar as rédeas na mão e tomar essa atitude, verificar qual a melhor alternativa, os caminhos dentro da rede, uma vez não conseguindo, buscar o próximo caminho que seria o federal e os filantrópicos, mas buscar uma alternativa para essas famílias”, continuou a coordenadora Janaína Souto.
O Instituto de Cardiologia é um hospital particular localizado no Cruzeiro. Desde 2009, recebeu pelo menos R$ 8,45 milhões dos cofres públicos. Segundo o centro, o convênio assinado em 2009 garante “atendimento complementar à rede pública de saúde no DF, realizando atendimento de alta complexidade cardiovascular prioritariamente atendendo aos hospitais da rede que não possuem esse serviço”.
Em depoimento à CPI da Saúde da Câmara Legislativa, o médico-cirurgião Pedro Paniago afirmou na última quarta-feira (9) que está sem fazer cirurgias cardíacas de grande porte há oito meses no Hospital de Base por falta de material para os procedimentos. Com demanda de até cinco cirurgias por semana, o centro era o único da Secretaria de Saúde a realizar cirurgias do tipo, afirmou o profissional.
O Hospital de Base informa que não está realizando cirurgias de grande porte por falta de materiais específicos, não básicos, como ele afirmou em depoimento. As cirurgias para inclusão do marcapasso estão sendo feitas no Hospital de Base normalmente, assim como o procedimento de cateterismo, diz o centro.