Deputados distritais acumulam patrimônio de R$ 30,6 milhões; veja tabela

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Fachada da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Apenas 3 dos 24 parlamentares respondem por metade da riqueza. Ao todo, eles guardam até R$ 385 mil em dinheiro vivo.

Fachada da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Os 24 deputados distritais na Câmara Legislativa declararam à Receita Federal, no Imposto de Renda deste ano, um patrimônio total de R$ 30.648.208,69. O montante representa uma média de R$ 1,27 milhão para cada parlamentar.

A maior parte dos bens declarados se refere a imóveis, cotas de empresas, contas bancárias e investimentos. No entanto, alguns pontos chamam a atenção, como a quantidade de dinheiro vivo carregada pelos deputados.

Cristiano Araújo (PSD), considerado “falido” pela Justiça, afirmou à Receita que carrega cerca de R$ 385 mil em dinheiro vivo. O G1 aguarda resposta do deputado sobre o valor declarado.

Também do PSD, Robério Negreiros declarou que guarda o equivalente a R$ 18,7 mil em euros e R$ 9,9 mil em dólares. O dinheiro está com ele há pelo menos dois anos. O G1 tenta retorno do deputado sobre o assunto.

Herdeira política do ex-governador Joaquim Roriz, Liliane Roriz (Pros) disse ter à disposição R$ 262,6 mil também em “cash”. Ela explicou que “foi juntando”, e que sempre declarou o dinheiro.

Correligionária de Liliane, a distrital Telma Rufino declarou guardar R$ 225 mil em espécies. Segundo a assessoria, o dinheiro vem de um empréstimo no BRB e foi declarado de forma errada.

Em vez de ser inscrito como patrimônio, deveria ser considerado como dívida. “O contador da deputada irá fazer uma declaração retificadora”, disse a equipe dela após a reportagem.

‘Desigualdade’

Os três distritais mais ricos (veja lista abaixo) respondem, sozinhos, por praticamente a metade do patrimônio acumulado por todo o grupo. Agaciel Maia (PR), Liliane Roriz (Pros) e Wellington Luiz (MDB), juntos, têm R$ 15.128.245,64 declarados – 49,3% do total.

Na outra ponta da tabela, os três parlamentares de menor patrimônio reúnem pouco mais de R$ 168 mil. O “mais pobre” de todos é o Professor Israel Batista (PV). O único bem dele em 2016 era um carro, de R$ 72,9 mil. Como ele se separou, deixou o veículo para a ex-mulher. Isso faz com que ele apareça com tudo zerado, afirmou a assessoria do distrital.

Plenário da CLDF visto de cima (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Maior devedor

O evangélico Rodrigo Delmasso (PRB) se deu bem no ano passado, e lidera as estatísticas de “enriquecimento”. O patrimônio dele cresceu 823% entre 2016 e 2017: foi de R$ 1.265 para R$ 11.682.

Por outro lado, ele também é o maior devedor do grupo, com uma dívida acumulada (referente a um empréstimo no Banco do Brasil) em R$ 180 mil – que cresceu 50% entre um ano e outro.

O deputado disse que a variação de patrimônio ocorreu porque “mudou a data de vencimento do cartão de crédito”. Quanto à dívida, declarou que parte foi para financiar a campanha, e que já está quitando o valor.

Confira a tabela do patrimônio declarado pelos deputados distritais à Receita Federal:

Patrimônio dos deputados distritais

Deputado Patrimônio em 2016 Patrimônio em 2017 Variação
Agaciel Maia R$ 7.604.054,72 R$ 8.247.334,51 8,46%
Liliane Roriz R$ 4.025.532,03 R$ 4.108.411,13 2,06%
Wellington Luiz R$ 2.136.500,00 R$ 2.772.500,00 29,77%
Rafael Prudente R$ 2.701.745,32 R$ 2.743.906,83 1,56%
Chico Leite R$ 1.660.192,58 R$ 1.772.097,13 6,74%
Robério Negreiros R$ 1.655.339,85 R$ 1.627.513,01 -1,68%
Telma Rufino R$ 1.119.000,00 R$ 1.299.000,00 16,09%
Luzia de Paula R$ 785.140,67 R$ 968.657,84 23,37%
Joe Valle R$ 932.497,35 R$ 956.855,38 2,61%
Wasny R$ 641.551,43 R$ 789.212,69 23,02%
Reginaldo Veras R$ 708.000,00 R$ 713.000,00 0,71%
Juarezão R$ 700.000,00 R$ 700.000,00 0,00%
Cristiano Araújo R$ 600.229,00 R$ 687.022,27 14,46%
Celina Leão R$ 649.993,23 R$ 651.965,44 0,30%
Ricardo Vale R$ 570.004,08 R$ 586.839,71 2,95%
Bispo Renato R$ 423.999,54 R$ 477.487,98 12,62%
Raimundo Ribeiro R$ 397.006,55 R$ 433.289,00 9,14%
Júlio Cesar R$ 419.440,25 R$ 403.548,80 -3,79%
Chico Vigilante R$ 193.023,48 R$ 193.025,08 0,00%
Sandra Faraj R$ 265.215,06 R$ 175.277,95 -33,91%
Claudio Abrantes R$ 172.500,00 R$ 172.500,00 0,00%
Lira R$ 28.500,00 R$ 157.081,47 451,16%
Rodrigo Delmasso R$ 1.265,59 R$ 11.682,47 823,08%
Professor Israel R$ 72.994,19 R$ 0,00 -100,00%

Conferência

A declaração de bens é um dos documentos apresentados pelos candidatos no registro feito na Justiça Eleitoral. A aprovação das contas é um dos requisitos para a concessão do registro, ainda no início da campanha. Todo ano, a declaração dos deputados é publicada no Diário da Câmara Legislativa.

Em 2009, o então diretor-geral do Senado e hoje distrital reeleito, Agaciel Maia, foi acusado de esconder do Fisco uma mansão avaliada em R$ 5 milhões. A investigação iniciada a partir dessa denúncia levou ao escândalo dos “atos secretos” – boletins e decisões administrativas colocados em vigor sem a publicação em Diário Oficial.

À época, Agaciel afirmou que o imóvel foi comprado em 1996 e registrado em nome do irmão João Maia – então deputado federal pelo Rio Grande do Norte – porque seus bens estavam indisponíveis no momento da transação.

Em seguida, o político corrigiu a declaração dada à imprensa, e disse ter relacionado a mansão em seu imposto de Renda, mas “optado” por não transferir a escritura porque era um “negócio familiar”.

Nesta mais recente declaração, ele afirmou ter imóveis e propriedades rurais na Paraíba e no Rio Grande do Norte.