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Democratas pressionam por reforma antirracista em meio a protestos nos EUA

Após o assassinato de George Floyd, democratas debatem nova legislação para responsabilizar as políticas pelo uso da força desproporcional

Americano negro segura bandeira dos Estados Unidos durante protesto contra a violência policial e o racismo (Joe Ybarra / EyeEm/Getty Images)

Os democratas prometeram neste domingo (7) pressionar a aprovação de normativa que elimine o racismo sistêmico das forças policiais dos Estados Unidos, à medida que a luta provocada pelo assassinato de George Floyd, um afro-americano, por um policial branco passa das ruas para a esfera política.

Depois de mais um dia de protestos predominantemente pacíficos nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump determinou que as tropas da Guarda Nacional comecem a se retirar da capital.

A prefeita de Washington, Muriel Bowser, democrata que tem se confrontado com Trump pelo uso da força em sua cidade, disse à Fox News que no sábado não houve detenções, apesar dos protestos multitudinários.

As manifestações prosseguiram em todo o país neste domingo e os manifestantes começaram a concentrar sua indignação pela morte de Floyd exigindo reforma policial e justiça social.

A dureza com que Trump decidiu sufocar os protestos continuava gerando críticas excepcionais dos principais oficiais militares reformados, um grupo que normalmente se abstém de criticar um líder civil, o que reflete um aprofundamento das tensões entre o Pentágono e a Casa Branca.

O ex-secretário de Estado Colin Powell se uniu neste domingo a estas críticas, destacando que Trump “tinha se afastado” da Constituição.

Powell, um republicano moderado, afirmou que Trump debilitou a posição dos Estados Unidos no mundo e que nas eleições presidenciais de novembro apoiará o democrata Joe Biden.

“Este não é um campo de batalha”

Condoleezza Rice, que sucedeu Powell como secretária de Estado durante a Presidência de George W. Bush (2001-2009), disse à emissora CBS que aconselharia Trump a não empregar militares da ativa para conter os protestos pacíficos.

“Este não é um campo de batalha”, disse Rice, a primeira mulher afro-americana a ser secretária de Estado.

Mas os funcionários da administração voltaram a defender sua abordagem repressiva dos distúrbios e o secretário interino de segurança nacional, Chad Wolf, disse à ABC que Washington tinha se transformado em “uma cidade fora de controle”.

Wolf atribuiu a diminuição da violência ao “que fez a administração” Trump e negou um problema de racismo sistêmico entre a polícia.

Embora o governo ainda não tenha proposto nenhuma mudança de política específica em resposta à indignação generalizada pela morte brutal de Floyd em Minneapolis, Minnesota, espera-se que o Caucus Negro do Congresso (CBC), formado por membros do Partido Democrata, apresentem uma legislação desenhada para que a polícia seja mais responsabilizada legalmente de suas ações.

Entre outras coisas, espera-se que esta nova lei inclua medidas como facilitar os processos contra os agentes da polícia por incidentes mortais; proibir o tipo de tática de imobilização que levou Floyd à morte por asfixia; exigir o uso em nível nacional de câmeras corporais pelos policiais e estabelecer uma base de dados nacional para registrar má-conduta policial.

“Muito trabalho a fazer”

Uma integrante desse grupo, a legisladora pelo estado da Flórida Val Demings, que pode ser colega da chapa presidencial de Biden, explicou neste domingo algumas das mudanças que seriam necessárias.

“Temos muito trabalho a fazer e o racismo sistêmico é sempre o fantasma”, disse Demings, ex-chefe da polícia de Orlando, na Flórida, à emissora ABC.

“O que temos que fazer como nação é responsabilizar (penalmente) a polícia, proporcionar a supervisão necessária para fazê-lo, observar os padrões de capacitação, analisar as políticas de uso da força, analisar quem estamos contratando, analisar a diversidade” e elaborar uma legislação para garantir a reforma, enumerou.

No entanto, o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, disse neste domingo que não concorda com qualquer medida para diminuir a considerável imunidade legal de que desfrutam os policiais.

“Não acho que seja necessário reduzir a imunidade para perseguir os maus policiais, porque isto certamente resultaria em que a polícia se abstenha” de cumprir com as tarefas necessárias, declarou à rede CBS.

Algumas jurisdições já introduziram reformas, a começar pela proibição do uso do gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse neste domingo que cortaria o orçamento para a polícia da cidade e destinaria alguns recursos a jovens e serviços sociais, segundo a imprensa local.

Trump aproveitou a situação para criticar Biden.

“Joe Biden, o sonolento, não só vai tirar fundos das polícias, como vai tirar fundos do nosso Exército!”, escreveu no Twitter.

Biden, que tem acusado o presidente de atiçar “as chamas do ódio”, planeja viajar a Houston nesta segunda-feira para visitar a família de Floyd. Também gravará uma mensagem para o funeral de Floyd na terça-feira.

Barr defendeu a evacuação à força da praça Lafayette, em frente à Casa Branca, na segunda-feira, pouco antes de Trump cruzá-la para posar para fotos com uma Bíblia em frente a uma conhecida igreja, insistindo, apesar das declarações em contrário de muitos dos presentes, que alguns manifestantes tinham atirado tijolos.

Também negou informações publicadas pela imprensa de que o presidente em certo momento teria exigido a mobilização de 10.000 soldados da ativa em cidades americanas para conter os distúrbios.

“O presidente nunca perguntou, nem sugeriu que precisássemos mobilizar tropas regulares a este ponto”, declarou.

Os democratas acusaram Trump de aumentar a divisão na forma como falou dos manifestantes, algo com o que concordou Condoleeza Rice.

 

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