Questionada sobre os planos para resolver a crise energética no país, a especialista explicou que “fora do governo existe muito debate, sobretudo em torno de formas de fazer a transição energética, em especial para indústrias mais verdes”. Entretanto, por parte do governo, não há nada concreto nesse sentido. “O Reino Unido está andando para trás na questão energética, pois não há discussão de longo prazo sobre câmbio climático”, comentou.
Para ela, o conflito na Ucrânia teve um peso considerável no agravamento da situação socioeconômica britânica. Porém o desgaste dos políticos do Partido Conservador, em especial nas imagens de Boris Johnson e Liz Truss, não está diretamente associado ao conflito.
O que pesa na avaliação dos conservadores, afirma, é uma série de erros históricos, que começa no processo do Brexit, passa pelo desastre social da COVID-19 e pelo “Partygate” (o escândalo das festas de Boris Johnson, então premiê, durante a pandemia) e finalmente chega à Ucrânia e às sanções contra a economia russa, cujo impacto também foi sentido pelos países que propuseram as restrições. Como apontou Laura Waisbich, “o conflito ucraniano foi a gota d’água”, porque a crise era latente.
Questionada sobre a mudança de premiê e sobre o apoio à Ucrânia, a especialista comentou que “não haverá mudança formal, pois ela [Truss] reforça o apoio e promete continuidade, seja na entrega de armas, seja no treinamento”. Entretanto o foco do governo que está começando “deve ser o lado doméstico”. Para ela, “embora não seja possível se descolar das questões internacionais, o foco, sem dúvida, será doméstico”, pois está cada vez mais difícil para o Reino Unido usar a crise na Ucrânia como cortina de fumaça para seus problemas internos.