A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho na Câmara dos Deputados colheu, nesta quinta-feira (5), mais depoimentos para investigar as causas do rompimento da barragem I da Mina Córrego do Feijão, pertencente à Vale.
A engenheira Ana Lúcia Moreira Yoda, da empresa Tractebel, contratada em 2016 para inspecionar e emitir laudos de autoria para a Vale, foi uma das pessoas ouvidas como testemunha. Ela afirma que, na verdade, a empresa Tuv Sud é que foi a responsável pela auditoria da barragem, que se rompeu no dia 25 de janeiro deste ano.
‘”Por entender, naquela época, que os prazos eram muito curtos e como a outra empresa, Tuv, estaria fazendo a revisão, e teria um conhecimento maior dos elementos da estrutura, por estar fazendo a revisão periódica de segurança, foi combinado que, para setembro de 2018, a Tractebel não elaborasse a auditoria da barragem B1, e sim a Tuv Sud”, relatou.
O consultor de segurança de barragens, Joaquim Pimenta de Ávila, também prestou depoimento como testemunha. De acordo com o engenheiro, a última auditoria de segurança que ele participou foi em 2015, e a barragem não apresentava nenhum problema. “Todas as leituras dos piezons que estavam instalados até aquela época estavam dentro dos níveis de exigência do projetista da barragem, que é da empresa Geoconsultoria”, acrescentando que desde 2016 não teve mais nenhum contato com a barragem de Brumadinho.
O coordenador do Plano de Ação de Emergência da Barragem, Marco Conegundes também prestou depoimento como testemunha. A única pessoa convocada nesta quinta-feira para falar na condição de investigado, foi o engenheiro da Tuv Sud, Denis Rafael Valentim, mas ele não compareceu à audiência.
O relator da CPI, o deputado Rogério Correia do PT, criticou a ausência do engenheiro e a postura da empresa alemã, que tem evitado os encontros.
Vítimas
O Corpo de Bombeiros encontrou mais um corpo no local do rompimento da barragem. A Polícia Civil de Minas Gerais informou que se tratava de Carlos Alberto Pereira, que foi encontrado na noite de quarta-feira (3) praticamente intacto.
Segundo os Bombeiros, ele estava soterrado a oito metros de profundidades e o cadáver estava em boas condições por causa do fenômeno conhecido por saponificação, que desacelera o processo de decomposição.
A área onde o corpo foi encontrado era local de operação de maquinário pesado na Mina Córrego do Feijão.
Até agora, 247 mortes já foram confirmadas e 23 pessoas ainda estão desaparecidas.