Por ora, a maior parte da imunização vem de Pfizer/BioNTech e Moderna, enquanto a vacina de Oxford também começou a ser aplicada nesta semana

O mundo chegou à marca de mais de 13 milhões de doses de vacinas da covid-19 aplicadas. Ao todo, pelo menos 33 países já começaram algum tipo de vacinação fora dos testes, segundo levantamento diário da agência Bloomberg, com dados atualizados nesta segunda-feira, 4.
Quase todas são ainda a primeira dose da vacina — em meio a uma discussão sobre se a segunda dose deve ou não ser aplicada e como acelerar o processo de vacinação global.
O país com maior número absoluto de vacinados até agora são os EUA, com quase 4,7 milhões de doses aplicadas (para 1,4% da população).
Os americanos começaram a vacinação no último dia 14 de dezembro, com a vacina da americana Pfizer com a alemã BioNTech, a primeira aprovada de forma mais ampla no mundo. Dias depois, os EUA aprovaram também a vacina da americana Moderna, essa com boa parte do financiamento vindo do governo.
O Reino Unido, primeiro a começar a vacinar com o imunizante da Pfizer, também já imunizou 1,4% da população, com quase 1 milhão de doses aplicadas.
Já o país com maior porcentagem da população vacinada é Israel, que já vacinou 14% da população, com 1,2 milhão de doses.
O Brasil não tem data precisa para começar a vacinar, embora a projeção é que as primeiras vacinas sejam aprovadas pela Anvisa, reguladora responsável pelos imunizantes, ainda neste mês. O governo do estado de São Paulo também manteve ontem sua projeção de começar a aplicar doses da Coronavac, da chinesa Sinovac, em 25 de janeiro.
Por ora, boa parte da imunização global vem das vacinas de Pfizer/BioNTech e Moderna, embora as primeiras doses da vacina de AstraZeneca/Oxford tenham começado a ser aplicadas no Reino Unido nesta semana. China e Rússia também começaram a imunizar a população mesmo antes do fim da fase de testes de suas vacinas nacionais.
Tanto Pfizer quanto Moderna usaram a tecnologia do RNA mensageiro, o que ajudou na velocidade do desenvolvimento das vacinas, mas obriga com que elas sejam transportadas a temperaturas negativas, o que dificulta a logística. Já as demais vacinas usam uma tecnologia mais tradicional, do vírus inativado.
As doses com RNA mensageiro também têm saído mais caras por ora. A vacina da Pfizer custou ao governo americano cerca de 19,50 dólares, e 14,76 dólares à União Europeia (um desconto de 24%, segundo lista obtida pela consultoria Bernstein Research e divulgada pelo Washington Post). Já a Moderna é mais barata nos EUA (15 dólares, contra 18 dólares da UE).
De todas as candidatas, a mais barata é a vacina de Oxford/AstraZeneca, vendida para os europeus por pouco mais de 2 dólares, e com a qual o Brasil também tem acordo de compra.

Vacinas reservadas
O levantamento da Bloomberg também aponta que pelo menos 8,25 bilhões de doses da vacina da covid-19 já foram reservadas — o que, na prática, é mais do que o tamanho da população mundial, de 7,8 bilhões de pessoas. Só em acordos para a vacina da Pfizer/BioNTech há mais de 1 bilhão de doses reservadas.
Ainda assim, a tendência é que a distribuição de vacinas entre os países seja desigual, com países mais ricos já tendo reservado mais doses do que o tamanho da população, em alguns casos o triplo de insumos. A Índia também se destaca entre os países com mais doses reservadas, em meio a uma produção caseira que pode chegar, entre compra e produção própria, a 1 bilhão de doses só da vacina de AstraZeneca/Oxford e 2 bilhões no total.
Nem todas as vacinas reservadas serão entregues imediatamente. Como há um tempo necessário para a produção e obtenção de insumos, as farmacêuticas com imunizantes já aprovados, por ora, entregaram somente algumas milhões de doses. Há a expectativa de que sobretudo países que já começaram a vacinação possam ter algum tipo de normalidade e o fim das quarentenas no segundo semestre.
Vacina no Brasil
Os próximos dias devem ter os lances finais para as duas vacinas que podem ser aplicadas no Brasil, sendo as principais candidatas por ora as vacinas da AstraZeneca e da Sinovac.
Também estão sendo acompanhadas pela Anvisa as vacinas da Pfizer, com quem o governo negocia um acordo, e da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, cuja vacina ainda está em período de testes. O Brasil também faz parte da Covax Facility, aliança pelas vacinas da ONU, que vai facilitar a compra de vacinas parceiras (veja o estágio das vacinas).
Também há um acordo para compra futura de doses da Sputnik V, vacina russa do Instituto Gamaleya e que ainda não terminou a fase de testes, embora já esteja sendo usada na Rússia.
A AstraZeneca afirmou que documentos para a aprovação de sua vacina no Brasil devem ser entregues à Anvisa em 15 de janeiro. Falta a explicação sobre a eficácia diferente entre uma e duas doses, que surgiu após os resultados divulgados no ano passado, mas as aprovações emergenciais do imunizante pelo mundo já começaram.
O Instituto Butantan também deve submeter à Anvisa o pedido de registro da Coronavac até 10 de janeiro. Antes disso, falta a divulgação dos dados de eficácia, que estava prevista para dezembro mas foi adiada — segundo o governo paulista, o motivo foi um pedido da própria Sinovac, que gostaria de divulgar os resultados globalmente e de forma unificada.
Na ocasião, o governo paulista afirmou que o imunizante havia atingido o “limiar da eficácia”, com a expectativa de que seja portanto maior que 50%.
No Plano Nacional de Imunização, o governo federal projeta ter quase 300 milhões de vacinas neste ano, pouco mais de 80 milhões neste primeiro trimestre. São contabilizados nos planos AstraZeneca, Covax, Sinovac, além da possível compra a ser fechada com a Pfizer — um acordo de exclusividade prevê 70 milhões de doses para o Brasil, mas só 2 milhões seriam entregues no primeiro semestre.