Cepa foi encontrada nas regiões de Artigas, Montevidéu, San José, Rocha, Canelones, Río Negro e Salto
Cientistas uruguaios anunciaram nesta segunda-feira, 22, o que classificaram como “circulação generalizada” da variante brasileira do coronavírus conhecida como P.1, que foi detectada em sete departamentos do país vizinho. Em uma entrevista coletiva concedida pelo Grupo de Trabalho Interagencial em Vigilância do SARS-CoV-2 (GTI), autor do estudo, os especialistas alertaram sobre as constantes mutações do vírus e a propagação geográfica que ele pode atingir. De acordo com um levantamento realizado com 175 amostras positivas enviadas ao Institut Pasteur em Montevidéu, 24 delas foram detectadas como possíveis transportadoras da variante de Manaus. “Sem ter dados epidemiológicos de pacientes portadores da P.1, a alta porcentagem de amostras identificadas com esta variante (×15%) e sua distribuição em diferentes departamentos do país sugere uma ampla circulação no território nacional”, detalha o relatório. Nas 151 amostras restantes do estudo também foram encontrados quatro casos da P.2, outra mutação descoberta no Brasil, e um da variante britânica.
Diante da afirmação de fontes do governo uruguaio de que a variante é a causa do aumento progressivo de casos no país nas últimas semanas, o pesquisador Gonzalo Moratorio disse que não se pode fazer uma observação tão linear. “É um fator a ser levado em conta, mas são necessários mais estudos”, ponderou. Os sete departamentos onde a cepa foi encontrada são Artigas, Montevidéu, San José, Rocha, Canelones, Río Negro e Salto, embora o número analisado não signifique que se tenha espalhado para o restante do território uruguaio. “Este trabalho será feito periodicamente, para continuar monitorando a presença de variantes de interesse e monitorar o aparecimento de novas variantes que possam surgir”, afirmou o cientista Gregorio Iraola, que acrescentou que nos próximos dias estarão disponíveis mais informações sobre a possível data de entrada ou quantas vezes a mutação entrou no país. O diretor do Laboratório de Genômica Microbiana do Institut Pasteur concluiu que, tendo detectado o resultado em vários departamentos, há uma circulação comunitária da P1.
Também estiveram presentes na entrevista coletiva o Ministro da Saúde Pública, Daniel Salinas; o diretor do Institut Pasteur, Carlos Batthyány, e o reitor da Universidade da República (UdelaR), Rodrigo Arim. Salinas preferiu não adiantar as medidas que o governo tomará antes do Conselho de Ministros, marcado para esta terça-feira, 23, mas argumentou que as ferramentas fornecidas pela ciência levam a novos caminhos. Por sua vez, Batthyány destacou que a CoronaVac, a vacina contra a Covid-19 mais usada no Uruguai, demonstrou eficácia no Brasil. Já a bióloga e professora Pilar Moreno lembrou que a Pfizer também demonstrou ser combativa, embora em menor grau.
*Com informações da EFE