As autoridades de Moscou admitiram que os mais de 27.000 casos confirmados da covid-19 podem provocar um colapso na saúde pública
Pela primeira vez nos últimos 30 anos, os templos de Moscou não vão receber os fiéis durante a Páscoa da Igreja Ortodoxa, celebrada no próximo domingo, dia 19. As igrejas estarão vazias por ordem da prefeitura da capital russa, em função da veloz propagação do coronavírus nessa semana.
Nesta quinta-feira, 16, as autoridades de Moscou admitiram que os mais de 27.000 casos confirmados da covid-19 podem provocar um colapso na saúde pública. Até então, o governo vinha negando a gravidade da pandemia.
Há agora em Moscou pelo menos 6.500 pessoas infectadas, o dobro da última semana. Até pouco tempo, a Rússia estava em uma posição melhor do que o restante da Europa. Agora, a situação parece ter assumido um rumo próprio. “Estamos vendo o panorama mudar diariamente porque o número de casos não para de crescer”, reconheceu o presidente Vladimir Putin nesta segunda-feira, 13
O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, decidiu que a quarentena na cidade será estendida até pelo menos o dia 1º de maio. Os 12 milhões de moradores da capital russa só podem sair de casa para ir à farmácia ou ao supermercado.
Os cidadãos que violarem as regras do isolamento social terão que pagar multas, que variam de 50 dólares (para a primeira infração) a 63 dólares, para reincidentes. Lojas e outros negócios que insistirem em abrir as portas serão multados em 500 dólares. As igrejas também deverão permanecer fechadas. A Páscoa terá que ser comemorada em casa, sem a presença dos amigos, avós e netos.
Putin, no entanto, ainda guarda uma esperança. O presidente russo acredita que a crise global, em que praticamente todos os países vivem um drama humano e econômico parecido, possa aproximar a Rússia e os Estados Unidos. Os dois países ocupam lados distintos do tabuleiro geopolítico, apesar de manterem relações cordiais.
Um dos maiores pontos da discórdia é a Venezuela, que os russos apoiam, enquanto o governo de Donald Trump se opõe firmemente ao governo de Nicolas Maduro. Agora, com a veloz propagação da pandemia na Rússia, Putin está mais interessado em conseguir respiradores e outros equipamentos críticos do que em reforçar sua posição na política externa – e acredita que os Estados Unidos poderão ajudar.