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Contraceptivos hormonais aumentam o risco de câncer de mama

Um novo estudo reafirmou que anticoncepcionais hormonais aumentam a probabilidade de câncer de mama. No entanto, o risco geral ainda é baixo

Não é de hoje que os anticoncepcionais hormonais, principalmente a pílula oral, são associados a riscos à saúde, como aumento da probabilidade de trombose e do desenvolvimento de câncer de mama. No entanto, havia uma esperança por parte da comunidade científica da redução desses malefícios com o uso de contraceptivos mais modernos, que contêm menos estrogênio. Infelizmente, um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico científico The New England Journal of Medicine reafirmou que o uso de métodos hormonais eleva o risco do tumor mamário nas mulheres em cerca de 20%.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores do Hospital da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, analisaram 1,8 milhão de mulheres dinamarquesas com idade entre 15 e 49 anos que não tinham câncer, coágulos nas veias, nem tivessem feito tratamento para infertilidade. As participantes foram acompanhadas por cerca de onze anos.

Os resultados mostraram que as mulheres que usam ou usaram recentemente esses métodos anticoncepcionais apresentam um risco aumentado de câncer de mama de cerca de 20%, em comparação com as que não usam. Entretanto, o aumento variou de acordo com a idade da mulher e com o período total de uso de anticoncepcionais hormonais. Por exemplo, naquelas com menos de um ano de uso, a probabilidade foi 9% maior. Já com mais de dez anos de uso, esse número subiu para 38%.

Como a maioria dos casos de câncer observados ocorreu em mulheres que usavam contraceptivos orais a partir dos 40 anos, a recomendação é que, nessa idade, as mulheres conversem com seu médico sobre a possibilidade do uso de alternativas não hormonais, como o DIU de cobre, preservativo ou ligadura das trompas, caso já tenham filhos.

Os pesquisadores concluíram também que  o risco continua aumentado mesmo após a descontinuação do uso do medicamento em mulheres que utilizaram o produto de forma contínua por mais de cinco anos. Por outro lado, naquelas que usaram contraceptivos hormonais por períodos curtos, o risco desapareceu rapidamente após a descontinuação.

É importante ressaltar que no estudo atual, todos os métodos hormonais, incluindo pílula, adesivos, anéis vaginais, implantes, injeções e até mesmo o DIU de hormônio foram associados ao aumento da probabilidade da doença. “Há muitas coisas a ter em conta ao decidir que tipo de contracepção usar. A contracepção em si é um benefício, é claro, mas este estudo indica que vale a pena considerar uma alternativa à contracepção hormonal, como o dispositivo intrauterino de cobre ou métodos de barreira, como preservativos “, disse Lina Morch, principal pesquisadora do estudo, à Reuters.

Diante dos resultados, em um editorial que acompanhou a publicação do estudo, David Hunter, professor de epidemiologia e medicina na Universidade de Oxford, na Inglaterra, escreveu que “a busca de um anticoncepcional oral que não eleva o risco de câncer de mama precisa continuar”.

Risco total é baixo

Apesar da conclusão, os autores ressaltam que o risco geral de ter câncer de mama com o uso de anticoncepcionais hormonais ainda é baixo. Por isso, não é recomendada a interrupção do medicamento sem uma avaliação detalhada das opções disponíveis.

“Não há necessidade de entrar em pânico com base nesses resultados. Não queremos que as mulheres deixem a contracepção sem ter algo diferente para recorrer. E existem alternativas “, afirma Morch.

Benefícios

Os contraceptivos hormonais não estão associados somente a riscos, mas também a diversos benefícios à saúde. Além de evitar a gravidez e aliviar cólicas menstruais e sangramentos anormais, seu uso já foi relacionado à redução na probabilidade de câncer de ovário, endométrio e colorretal.

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