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Consumo de charutos em pandemia ajuda República Dominicana

Com bares e restaurantes fechados e a ansiedade crescente na pandemia, mais dinheiro tem sido gasto com o hábito de fumar

Cigarros da família Quesada na República Dominicana: exportações aumentando (Bloomberg/Bloomberg).

Fumantes em quarentena ao redor do mundo têm contribuído para os ganhos do setor de charutos e tabaco da República Dominicana.

Já o maior produtor de charutos do mundo, o país caribenho deve exportar um recorde de US$ 1 bilhão em produtos de tabaco neste ano. O valor representaria um aumento de 6% sobre os US$ 942 milhões vendidos no exterior em 2019, segundo dados do governo.

A indústria de charutos emergiu como um ponto positivo para a maior economia da região, que deve encolher 5,5% em 2020, já que os importantes setores de turismo e serviços foram atingidos por restrições relacionadas ao coronavírus.

Como os aficionados globais de charutos não podem frequentar bares e restaurantes, agora gastam mais dinheiro e tempo com o hábito de fumar, disse Hendrik Kelner, presidente da Associação de Fabricantes de Charutos Dominicanos.

“Inicialmente, ficamos muito preocupados, porque vimos todas essas lojas e fumódromos fechando – alguns deles para sempre”, disse o executivo por telefone da República Dominicana. Mas as vendas rapidamente migraram para o comércio online e têm sido fortes, afirmou. “Apesar de tudo, observamos fortes níveis de exportação – o setor de tabaco não está sendo prejudicado.”

Se as exportações de tabaco dominicanas ultrapassarem a marca de 10 dígitos neste ano, se tornarão o quinto setor do país a exportar US$ 1 bilhão, juntamente com o ouro, produtos elétricos, têxteis e aparelhos médicos, de acordo com dados do banco central.

‘Amigo fiel’

A República Dominicana é considerada um dos berços do charuto; os habitantes enrolavam e fumavam tabaco séculos antes de Colombo colocar os pés na ilha. Quando Cuba nacionalizou a indústria de charutos durante a revolução de 1959, muitos dos principais produtores se mudaram para a ilha vizinha, impulsionando a indústria dominicana.

Desde então, o setor cresceu em meio à consolidação, diversificação e investimento estrangeiro, disse Ebell de Castro, diretor de desenvolvimento de Zonas Francas e Parques Industriais do Ministério da Indústria.

Em 2018, a Swisher – fabricante dos Swisher Sweets e charutos premium – transferiu parte da produção dos Estados Unidos para a República Dominicana. No início do ano, a Imperial Brands vendeu sua fábrica de charutos premium dominicana para um grupo de investidores de private equity como parte de um acordo de US$ 1,5 bilhão.

O aumento das exportações de charutos ocorre quando o consumo de todos os tipos de drogas aumenta durante as medidas de restrições de mobilidade, mesmo que algumas delas possam deixar os usuários mais suscetíveis a complicações da Covid-19. No entanto, Kelner não está surpreso com a resiliência dos chamados “puros”.

“Um charuto”, disse, “é como um amigo fiel que o acompanha quando os tempos são difíceis e você se sente sozinho”.

 

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