De acordo com a FGV, a antecipação de compras para formação de estoques durante medidas de isolamento pressionou os preços de alimentos
A mediana da inflação esperada pelos consumidores para os próximos 12 meses subiu 0,3 ponto porcentual em abril, para 5,1% ante um resultado de 4,8% obtido em março, segundo o Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve redução de 0,2 ponto porcentual no indicador.
“A antecipação de compras para formação de estoques a partir da segunda quinzena de março, quando muitas grandes cidades iniciaram medidas de isolamento social, pressionou os preços de alimentos, levando consumidores a rever para cima suas expectativas de inflação. Este resultado deve ser passageiro, considerando que o nível de atividade continuará muito fraco por um tempo mantendo baixa também a inflação“, afirma Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Na distribuição por faixas de inflação, 45,6% dos consumidores projetaram em abril valores abaixo do centro da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (de 4,0% em 2020). Por outro lado, a proporção de consumidores projetando inflação acima do limite superior da meta de inflação (acima de 5,5%) aumentou de 30,4% em março para 35,9% em abril.
Na análise por faixas de renda, todas aumentaram suas expectativas medianas para a inflação nos 12 meses seguintes, especialmente as de menor poder aquisitivo. Entre as famílias com renda mensal até R$ 2,1 mil, a expectativa de inflação aumentou de 5,9% em março para 6,2% em abril. Para as famílias com renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil mensais, as expectativas subiram de 5,0% para 5,6% no período.
O Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores é obtido com base em informações da Sondagem do Consumidor. Aproximadamente 75% dos entrevistados respondem aos quesitos relacionados às expectativas de inflação.