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Conheça o peixe que caminha como um anfíbio

A descoberta traz novas evidências sobre a evolução das espécies que se adaptaram há 420 milhões de anos para caminharem sobre a terra

Em 'Cryptotora' os cientistas observaram que a pélvis é uma região complexa, com muitos ossos que são interligados com a espinha(NJIT/Divulgação)
Em ‘Cryptotora’ os cientistas observaram que a pélvis é uma região complexa, com muitos ossos que são interligados com a espinha(NJIT/Divulgação)

Em um novo estudo, publicado na última terça-feira no Scientific Reports, da revista Nature, cientistas afirmam ter encontrado um peixe que caminha como um anfíbio. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey (NJIT, na sigla em inglês) encontraram a espécie rara escalando cachoeiras na Tailândia. As características não são vistas em nenhum outro peixe vivo e trazem novas evidências sobre a evolução das espécies que se adaptaram há 420 milhões de anos para caminharem sobre a terra.

Ao examinar um vídeo da chamada Cryptotora thamicola caminhando, Broke Flammang, pesquisadora do NJIT, identificou que o peixe alternava os passos das “patas” traseiras com as frontais, realizando o mesmo movimento que os animais que andam sobre a terra. Para analisar mais de perto a criatura, Flammang quis levar um espécime para seu laboratório, o que lhe foi imediatamente negado, já que o peixe é extremamente raro – com menos de 2.000 adultos vivos.

Para contornar as dificuldades do estudo, Flammang contou com a ajuda de Apinum Suvarnaraksha, pesquisador da Maejo University, na Tailândia, que foi até as cavernas do local para capturar novas imagens e dados sobre a espécie. Além disso, a especialista conseguiu permissão para escanear em alta resolução um espécime de um museu tailandês, sem oferecer qualquer risco à vida do animal. Juntando todos os dados, a equipe conseguiu realizar uma impressão 3D da anatomia de Cryptotora, revelando detalhes de seu esqueleto.

 

Nos peixes comuns, a pélvis é composta por pequenos ossos e é utilizada apenas para evitar que eles girem em torno de si, servindo como um instrumento de equilíbrio. Em Cryptotora, no entanto, os cientistas observaram que a pélvis é uma região complexa, com muitos ossos que são interligados com a espinha. Isso revelou a aproximação dessa espécie com os tetrápodes.

Evolução – Os vertebrados terrestres primitivos, chamados tetrápodes, desenvolveram adaptações para conseguir caminhar firmemente sobre a superfície da terra. Esse processo dependeu da evolução da pélvis, que se conectou com a espinha e membros para garantir o movimento das patas como vemos nas salamandras e outros anfíbios. Seguindo um padrão evolucionista, os tetrápodes surgiram de uma única linhagem de peixes que conseguiu habitar o solo, utilizando o mesmo movimento alternado de patas – visto na rara espécie de peixe.

“Esses resultados são significativos uma vez que representam o primeiro exemplo de adaptações comportamentais e morfológicas em um peixe vivo, que converge com as características apresentadas pelos tetrápodes”, explicou a equipe internacional de pesquisadores no estudo.

(Da redação)

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