Enquanto algumas políticas ajudaram a aumentar o emprego de famílias de baixa renda, outras impulsionaram a desigualdade nas economias avançadas, diz relatório do órgão
O Banco Central Europeu afirma que devem ser feitos mais esforços para compreender o que a distribuição desigual de rendimento e riqueza na zona do euro significa para o impacto de sua política monetária.
Como as famílias diferem substancialmente em termos de sensibilidade aos ciclos de negócios e padrões de consumo, “a distribuição de renda e riqueza desempenha um papel fundamental na definição da transmissão da política monetária para a atividade econômica e a inflação”, disseram pesquisadores do BCE em artigo publicado nesta quarta-feira.
Embora as melhorias recentes nos modelos e dados tenham contribuído para uma melhor compreensão desta parte do canal de transmissão monetária, vários quebra-cabeças permanecem”, disseram eles, acrescentando que o BCE continuará “a investir em novos modelos macroeconômicos e fontes de dados”.
O impulso para uma análise mais profunda de como os diferentes grupos são afetados por ferramentas monetárias é um reflexo de esforços recentes do Federal Reserve. O banco central dos Estados Unidos enfrentou pressão crescente para reconhecer o impacto desigual de suas políticas monetárias nos últimos anos e se comprometeu com uma abordagem mais inclusiva quando atualizou sua estratégia de política monetária em agosto.
Nos Estados Unidos, os trabalhadores negros, que têm uma parcela desproporcional de empregos com salários mais baixos e filiação a sindicatos, tiveram taxas de desemprego duas vezes maiores do que trabalhadores brancos em grande parte dos últimos 50 anos.
Embora o relatório do BCE não tenha entrado em detalhes sobre as divisões raciais na Europa, concluiu que as políticas expansionistas dos últimos anos tiveram efeitos particularmente acentuados na redução da desigualdade e no aumento do emprego para famílias de baixa renda.
Ao mesmo tempo, outras políticas monetárias e tendências estruturais, como a tributação e a globalização, impulsionaram o aumento da desigualdade nas economias avançadas nas últimas décadas. Em uma seção sobre tendências regionais, o BCE sugeriu que o aperto na política monetária pode agravar isso.
“O BCE não tem o mandato nem os instrumentos de que precisa para direcionar especificamente a distribuição de renda e riqueza”, disse o relatório. No entanto, “as políticas atuais geralmente parecem ter um impacto equalizador por meio de sua contribuição para a estabilização macroeconômica”.