Manifestação aconteceu na manhã desta terça-feira (28). Trabalhadores seguiram em direção à Prefeitura do Recife, onde uma comitiva foi recebida no início da tarde.
Um grupo com cerca de 30 comerciantes informais do bairro de São José, no Centro da capital pernambucana, fez um protesto na manhã desta terça-feira (28). Eles protestaram contra a retirada dos fiteiros pela Prefeitura do Recife, pois disseram que isso ocorreu sem aviso prévio em meio à pandemia do novo coronavírus e sem oferecer um projeto de realocação dos trabalhadores.
“Eu soube que estavam tirando meu fiteiro por conta da ligação de um amigo que me avisou, aí eu fui lá correndo”, afirmou Ivanise Eunice da Silva, de 56 anos, que trabalha no local há mais de três décadas.
A concentração para o protesto começou às 10h na Praça Dom Vital, no bairro de São José. Os manifestantes seguiram em passeata até a sede da Prefeitura do Recife, localizada no Cais do Apolo, no Bairro do Recife, onde uma comitiva de participantes do ato foi recebida pela gestão municipal. Agentes da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) acompanharam o trajeto.
De acordo com a presidente da Associação de Trabalhadores Informais do Recife (Apir), Alessandra Fonseca, os agentes da prefeitura que falaram com os trabalhadores no dia 20 de maio, data em que retiraram os fiteiros, alegam que eles precisam sair do espaço do entorno do Mercado de São José.
“Eles falaram para os trabalhadores procurarem uma parede de loja comercial, mas não mostram nenhum projeto, nada que comprove isso. Os feirantes foram realocados para o Cais de Santa Rita, mas os trabalhadores dos fiteiros não”, contou.
Ainda segundo Alessandra, o grupo vem tentando dialogar com a Prefeitura do Recife desde maio em busca de uma solução. “Enviamos vários ofícios à Prefeitura e Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife [Dircon] e não tivemos nenhuma resposta. Eles prometeram entrar em contato há dois meses e nada”, relatou.
A Apir informou que alguns trabalhadores receberam apoio da prefeitura através de cestas básicas e não conseguiram acesso ao auxílio emergencial, oferecido pelo governo federal, por isso estão sem renda alguma.
É o caso de Angela Maria do Nascimento, de 54 anos, que é afiadora de alicates e trabalha ao lado de uma amiga em um dos fiteiros retirados.
“Um gestor da prefeitura disse que eu não podia ficar, que arrumasse outro lugar pra trabalhar. Então como é que a gente vai viver?”, contou. Antes ela já havia sido realocada de um beco no Centro do Recife para a área do Mercado de São José.
Resposta da prefeitura
Em nota enviada ao G1, a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc), informou que os comerciantes informais “foram notificados oficialmente sobre a retirada das barracas desde 2019, quando a pasta deu início à requalificação do entorno do Mercado de São José”.
Ainda no texto, disse que a Semoc “está em discussão com a categoria para indicar novos locais de trabalho, sem que haja ônus à mobilidade da população”. Também no comunicado, afirmou que “a ação faz parte de um grande projeto de melhoria do bairro de São José, que teve início no ano passado e liberou ruas e calçadas para os pedestres”.
Além disso, declarou que “os comerciantes receberam bancas e quiosques no Centro Comercial do Cais de Santa Rita e no Anexo do Mercado de São José, com mais conforto e qualidade para as vendas e para os clientes”.
Revitalização do mercado
Em outubro de 2019, os entornos do Mercado São José passaram por uma obra de revitalização feita pela Prefeitura do Recife. As duas vias que circulam o mercado passaram a ser exclusivas para pedestres. O plano de mobilidade da área contou também com a realocação de vendedores ambulantes e feirantes para o anexo Centro Comercial do Cais de Santa Rita, no Centro da cidade.