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Com queda de Moro e coronavírus, mercado projeta PIB de 2020 a -3,34%

Crise política desencadeada com o pedido de demissão do ministro da Justiça e pandemia puxam previsões para baixo

Coronavírus puxa para baixo a previsão do PIB do Brasil Pilar Olivares/Reuters

Analistas do mercado financeiro reduziram, pela décima primeira vez seguida, a previsão para a economia brasileira em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deve contrair -3,34%  divulgado nesta segunda-feira, 27, pelo Banco Central. Esta é quinta edição seguida do Focus que economistas preveem recessão na economia brasileira. Na semana passada, a estimativa era de contração de 2,96% ao fim de 2020. O cenário para a economia brasileira se agrava devido a crise sanitária provocada pelo coronavírus, que já matou mais de 4 mil pessoas no país e pelo mal estar político gerado pelo pedido de demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro que entrou em rota de coalizão com o presidente Jair Bolsonaro.

Caso a previsão do mercado financeiro para o resultado da economia brasileira se confirme, a queda do PIB de 2020 será no mesmo patamar de 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando a economia caiu 3,3%. A projeção do mercado financeiro é mais otimista que a expectativa do Banco Mundial e FMI, que preveem contração na casa dos 5% para o Brasil neste ano.

No início do ano, quando a pandemia do coronavírus estava concentrada na China e não se sabia ao certo quando e como chegaria ao Brasil, os especialistas estimavam crescimento econômico para este ano na casa dos 2,3%.

O aprofundamento da crise política é simultâneo aos desafios provocados pela pandemia de coronavírus. Há a expectativa que sejam anunciadas nesta semana medidas de flexibilização em São Paulo, por exemplo. O estado paulista, principal centro econômico e financeiro do país tem, há mais de 30 dias, medidas de isolamento social que incluem o fechamento de comércios e serviços não essenciais.

Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde divulgados no domingo, 4.205 pessoas já morreram no Brasil em decorrência da Covid-19, nome da doença causada pelo novo coronavírus. Ao todo, 61.888 casos foram confirmados no país.

Inflação

Além da revisão para o PIB, os analistas ouvidos pelo Banco Central também reduziram as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA , que mede a inflação oficial no país. Com menos demanda de produtos, os preços tendem a não acelerar tanto. A previsão para o indicador saiu de 2,23% para 2,20% no ano. O valor está abaixo da meta estabelecida de 4% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e também abaixo da margem de erro estabelecida, que é de meio ponto porcentual para mais ou para menos.

Economistas mantiveram a projeção para a taxa básica de juros, a Selic. A expectativa é que os juros fiquem a 3% ao ano em 2020. Hoje, a taxa é de 3,75% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorre no dia 18. Há expectativa em que haja um novo corte na taxa de juros como forma de estímulo a economia durante a crise.

A projeção para o dólar também se manteve, para para 4,80 reais ao fim do ano. A estimativa está aquém do fechamento do mercado financeiro na semana passada, quando a venda da moeda americana disparou e terminou a semana cotada a 5,66 reais.

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