Relatório chega em um momento em que um acordo sobre a relação comercial pós-Brexit ainda não foi alcançado
As relações comerciais entre o Reino Unido e a União Europeia passarão por “graves perturbações” em 1º de janeiro, com ou sem um acordo pós-Brexit, alertou nesta sexta-feira, 6, o National Audit Office (NAO).O órgão responsável pelo monitoramento dos gastos públicos no Reino Unido não esconde sua preocupação com a falta de preparo faltando menos de dois meses para o término do período de transição pós-Brexit.
Em um relatório, o NAO considerou que o Executivo avançou na adaptação da infraestrutura de fronteira, mas que as medidas adotadas estão longe de serem suficientes.
Os preparativos foram atrasados pela pandemia de coronavírus e ainda há riscos significativos, especialmente para a Irlanda do Norte e para as empresas que negociam com o continente, observa o organismo.
O auditor observa que os sistemas informáticos não foram testados e as áreas de trânsito dos caminhões não estão prontas. Também aponta que o governo ainda não treinou despachantes aduaneiros suficientes.
O NAO lembra ainda que Londres estimou que, no pior dos casos, entre 40% e 70% dos caminhões que transitam entre o Reino Unido e a UE não estariam prontos para os controles alfandegários em 1º de janeiro.
No caso de um rompimento brutal sem acordo, até 7.000 caminhões poderiam ficar presos perto do Porto de Dover em 1º de janeiro, com até dois dias de espera para cruzar o Canal da Mancha, estimou o governo britânico em setembro.
“Perturbações são prováveis e o governo deve responder rapidamente para minimizar o impacto, uma situação que se tornou ainda mais difícil pela pandemia de covid-19”, advertiu Gareth Davies, diretor do NAO.
O relatório chega em um momento em que um acordo sobre a relação comercial pós-Brexit ainda não foi alcançado, apesar do pouco tempo restante.
Bruxelas informou nesta semana que ainda há “divergências graves”. Mas mesmo que se chegue a um acordo, os controles aduaneiros serão restaurados, com a burocracia que isso acarreta, tornando o comércio menos fluido do que antes do Brexit.