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Com medidas “leves” sem funcionar, europeus se aproximam de lockdown

Diante dos casos de covid-19 superando o pico da pandemia, os líderes europeus começam a ficar sem opções

Aeroporto fechado em Berlim: restrições pontuais na Europa não têm sido suficientes para conter o vírus (Jörg Carstensen/picture aliance/Getty Images)

A medida drástica que nenhum político europeu queria tomar está de volta à agenda: os lockdowns.

O presidente da França, Emmanuel Macron — cujo governo evitou cuidadosamente discutir publicamente uma paralisação nacional devido ao recente aumento de casos de coronavírus –, cedeu na sexta-feira e reconheceu que o país poderia retomar restrições mais amplas de mobilidade.

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Como outros líderes da região, Macron começa a ficar sem opções. Embora autoridades no continente tentem combater o avanço pandemia, seus esforços para limitar a propagação do coronavírus com medidas mais suaves — desde o uso obrigatório de máscaras até toque de recolher parcial — não estão funcionando.

Para os líderes Giuseppe Conte, da Itália, e Angela Merkel, da Alemanha, existem grandes riscos políticos. Embora tenham sido elogiados pela forma como administraram a primeira onda, as críticas agora aumentam. A população está cansada, as divisões entre governos locais e nacionais se acumulam e, se um lockdown prolongado for a única resposta, serão culpados pela destruição das economias.

A nova onda de coronavírus parece diferente da primeira. O número de casos parece muito maior — a França divulgou recorde de novas infecções no domingo –, mas isso também reflete mais testes. Enquanto isso, o número de mortes — embora muito menor do que na primavera europeia — está aumentando, assim como o fluxo de pacientes que precisam de cuidados hospitalares.

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Com os serviços de saúde gradualmente sob pressão, uma ferramenta contundente permanece: fechar a economia e emitir a ordem de ficar em casa.

“Os políticos têm decisões difíceis a tomar”, disse Jean-François Delfraissy, médico-chefe que aconselha o governo francês sobre a pandemia, em entrevista à rádio RTL na segunda-feira. “Esta segunda onda provavelmente será pior do que a primeira. Está se espalhando por toda a Europa.”

Depois do lockdown imposto na primavera, muitos europeus se opõem fortemente a um segundo. Manifestantes em cidades como Londres, Nápoles e Berlim marcharam no fim de semana contra a “tirania” da pandemia. Na Itália, algumas academias e cinemas disseram que não obedecerão às ordens de fechamento.

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Para piorar as coisas, mesmo medidas drásticas não trarão alívio imediato. Apesar dos pedidos para um fechamento estrito de duas semanas no Reino Unido, uma análise de dados da primavera mostra que a ordem de quarentena, emitida em 23 de março, começou a surtir efeito cerca de quatro semanas depois.

Na França, o número de pacientes hospitalizados continuou subindo por quase um mês depois que o lockdown nacional foi implementado em 17 de março. Depois disso, diminuiu lentamente.

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“Este é um momento perigoso para muitos países do hemisfério norte”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, em conferência no domingo. “Mas, repetidamente, vimos que tomar as medidas certas rapidamente significa que o surto pode ser administrado.”

Alguns governos estão prontos para adotar medidas mais duras. A Bélgica avalia um lockdown. Polônia e República Tcheca – o país mais atingido na Europa – sinalizaram que mais restrições podem estar a caminho. A Irlanda fechou a economia por seis semanas.

A chanceler alemã, que recentemente pediu maior urgência no combate à pandemia, antecipou uma reunião com líderes estaduais para discutir os próximos passos para quarta-feira. O jornal Bild noticiou que o país adotaria restrições “leves” que afetariam restaurantes, bares e eventos, mas que manteria a maioria das escolas abertas.

Na Espanha, o governo central anunciou planos de conceder às regiões do país amplos poderes para declarar lockdowns, restrições ao movimento e toques de recolher. A medida visa delegar algumas medidas impopulares às autoridades locais e evitar oposição aos decretos nacionais, como aconteceu no início do ano.

(Com a colaboração de Charles Capel, Rodrigo Orihuela, Balazs Penz, Adeola Eribake, Arne Delfs, Chiara Albanese e Iain Rogers)

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